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O padrão qualidade do ensino

Carlos Delano Rebouças*

Qual o verdadeiro conceito de qualidade da educação brasileira? Como é definida pelos principais protagonistas - educadores e educandos - quanto aos seus resultados?

São perguntas, confesso, que me faço cada vez que vejo o tratamento que dão a educação, esta mesma usada como palavra-chave de teses e discursos, com argumentos teórica e inquestionavelmente ricos, contudo, controversos na sua prática, sobretudo quando se constrói tendo por base interesses difusos, mesmo que paradoxalmente represente a falta deles.

A escola faz de conta que ensina e diz que é de qualidade. Estabelece, como um quase invisível pano de fundo, que educa de verdade apenas por repassar conhecimentos, cumprindo à risca o seu planejamento, muitas vezes para atender às necessidades das classificadas turmas especiais, oriundas de uma espécie de segregação que divide o joio do trigo, mas que também são suas, como fortalecimento de uma imagem positiva no mercado.

Mas esse foco voltado para a positivação da imagem não é apenas um esforço feito pela escola, mas também feito pelo profissional de educação que sabe, no atual contexto, que precisa, aliás, deve construir a imagem do bom professor entre seus alunos, que lhe rendam tapinhas nas costas, tratamento de tio, registros nas redes sociais e muitos adjetivos, mesmo que para isso faça de conta que se educa. Na verdade, são eles que respondem as pesquisas de satisfação, que tem peso maior na garantia do emprego do professor.

E a educação de qualidade? Será que a maioria discente sabe definir?

Acredito que não, ao contrário dos agentes de educação na sua maioria. Mas de uma coisa tenho certeza: que assim vamos vivendo em um país que acredita que faz educação de qualidade, cujo padrão é totalmente tupiniquim.


*Professor de Língua Portuguesa e redação, conteudista, palestrante e facilitador de cursos e treinamentos, especialista em educação inclusiva e revisor de textos.

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