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FORA DE CONTEXTO



Grecianny Carvalho Cordeiro*

A corrida para a eleição presidencial começou, pelo menos, extraoficialmente, posto que o calendário eleitoral ainda se fará cumprir.
Embora ainda confuso e nebuloso os nomes dos candidatos à presidência da República, já podemos deduzir o que virá pela frente.
Depois de tantos percalços e desencantos, o povo brasileiro sonha com um candidato capaz de restaurar a confiança no poder político, de fortalecer as instituições, de continuar a batalha contra a corrupção, de recuperar a economia...
Pelo jeito, continuaremos na fantasia, porque o mundo real vem se mostrando bem diferente.
Pelo que temos visto, a preocupação dos políticos em geral e dos candidatos à presidente da República, é muito simples, e difere bastante das aspirações do povo brasileiro.
Para eles, o Brasil da Lava Jato é pernicioso, pois lhes retirou os amplos poderes para exercer uma política de toma-lá-dá-cá, capaz de perpetuar um esquema de corrupção que visa somente a atender os interesses pessoais e de alguns grupos.
Para eles, o Brasil que se quer passar a limpo não pode continuar, sob pena de destruir por completo o poderio da classe política, que precisa permanecer intocada e acima da lei.
Para eles, o Brasil precisa retomar os trilhos e voltar à normalidade.

O Poder Judiciário deve manter-se silente, dizendo amém àqueles que os indicaram para os postos mais altos de seus Tribunais, recusando-se a tomar decisões capazes de desagradar os gestores públicos e os altos figurões.
O Ministério Público deve manter-se preocupado apenas com os crimes usuais, sendo-lhe vedado cuidar dos crimes de corrupção, pois estes devem ter ampla liberdade para o seu cometimento e garantia total de impunidade, como sempre foi.
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A Polícia Federal deve manter-se focada na investigação de crimes de tráfico internacional de drogas, serviço de imigração, bem longe de crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro.
PoderJudiciário, Ministério Público e Polícia Federal devem ficar quietos, passivos e permissivos, em seus pequenos universos.
E quanto à imprensa? Que fique bem caladinha.
Senhores aspirantes ao cargo de presidente da República, lembrem-se que o Brasil que vocês pretendem governar não é o Brasil do passado, mas o Brasil do futuro.
O povo brasileiro não quer mais suas instituições guardadas em uma caixinha insignificante, acuadas e com medo de agir, mas sim, trabalhando ativamente para o país e não para os grupos no poder.
Portanto, não fiquem fora de contexto.
*Promotora de Justiça

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