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'Ferrugem' é o grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado

Filme fala sobre um tema urgente, o abuso na utilização de redes sociais com um caso de bullying fatal entre adolescentes.
Muito bem construído esteticamente, Ferrugem ainda levou os troféus de desenho de som e roteiro.
Muito bem construído esteticamente, Ferrugem ainda levou os troféus de desenho de som e roteiro. (Divulgação)

Uma cerimônia simples e eficiente marcou a distribuição de prêmios do 46º Festival de Cinema de Gramado. Não houve grandes surpresas na distribuição de Kikitos (o tradicional troféu do festival gaúcho) e ótimos filmes foram agraciados em suas mostras. Na principal delas, a competição entre longas nacionais venceu Ferrugem (PR), do diretor Aly Muritiba. O filme fala sobre um tema urgente, o abuso na utilização de redes sociais com um caso de bullying fatal entre adolescentes. Muito bem construído esteticamente, o filme ainda levou os troféus de desenho de som e roteiro.

O paraguaio Las Herederas era mesmo favorito e venceu a mostra de filmes estrangeiros. Ganhou também como melhor roteiro, contemplou as três atrizes principais (Ana Brum, Margarita Irun e Ana Ivanova) e o diretor, Marcelo Martinessi. Levou ainda o troféu do Júri Popular e o da Crítica. Foi a unanimidade do festival e já se fala que o longa pode chegar à final do Oscar. Tem distribuição garantida e será exibido no Brasil. Vale muito a pena ver, como história de afirmação na 3ª idade, mesclada a amor entre mulheres - o que causou polêmica na conservadora sociedade paraguaia.

O melhor curta foi a animação autobiográfica Guaxuma, de Nara Normande, que narra a infância e adolescência da diretora em uma praia alagoana e sua relação de amizade com uma garota. O favorito Benzinho, de Gustavo Pizzi, ficou com os prêmios de atriz (Karine Telles) e atriz coadjuvante (Adriana Esteves), levando ainda o prêmio do Júri Popular. Uma contentíssima Karina disse que era o ótimo o filme ter agradado tanto o público como a crítica “pois era nossa intenção fazer um filme de autor que também se comunicasse com a plateia”. Benzinho é isso mesmo. Nada hermético, cheio de energia e emotivo sem ser piegas.

Com sua história coral sobre os esquecidos da vida, o paulista A Voz do Silêncio surpreendeu a ficou com os troféus de montagem e diretor (André Ristum).

Os dois longas de ficção sobre personagens reais também foram lembrados. Simonal ficou com trilha musical, direção de arte e fotografia. Dez Segundos para Vencer (sobre a vida de Éder Jofre) ganhou os troféus de ator (Osmar Prado) e ator coadjuvante (Ricardo Gelli). Prado era outra unanimidade do festival com sua comovida porém contida caracterização do pai do pugilista, o treinador Kid Jofre. Uma atuação de antologia.

Osmar Prado e as atrizes paraguaias foram as presenças mais marcantes deste festival. Prado conversava com todos, dava entrevistas. As garotas paraguaias, duas delas na 3ª idade, distribuíram simpatia e tiravam selfies com todo mundo. Estavam felicíssimas com a acolhida calorosa a Las Herederas e o merecido reconhecimento.

Um reparo à premiação é o esquecimento de Mormaço, de Marina Meliande, filme de vigor estético e contundência social totalmente ignorado tanto pelo júri oficial quanto pelos paralelos.

Foi um bonito festival, prejudicado pela ausência de dois concorrentes. A comédia de Jeferson De, Correndo Atrás, saiu por quebra de ineditismo exigido pelo festival. O Banquete, de Daniela Thomas, foi retirado pela diretora após a morte do jornalista Otávio Frias Filho que inspira um dos personagens.

Vencedores do 46º Festival de Cinema de Gramado

Curta-metragem brasileiro


Melhor Desenho de Som: Fábio Carneiro Leão, por Aquarela

Melhor Trilha Musical: Manoel do Norte, por A Retirada Para Um Coração Bruto

Melhor Direção de Arte: Pedro Franz e Rafael Coutinho, por Torre

Melhor Montagem:
 Thiago Kistenmacker, por Aquarela

Melhor Fotografia: Beto Martins, por Nova Iorque

Melhor Roteiro: Marco Antônio Pereira, por A Retirada Para Um Coração Bruto

Melhor Ator: Manoel do Norte, por A Retirada Para Um Coração Bruto

Melhor Atriz: Maria Tugira Cardoso, por Catadora de Gente

Prêmio Especial do Júri: Estamos todos aqui, de Chico Santos e Rafael Mellim

Prêmio Canal Brasil de Curtas: Nova Iorque, de Leo Tabosa

Melhor Filme do Júri Popular: Torre, de Nádia Mangolini

Melhor Direção: Fábio Rodrigo, por Kairo

Melhor Filme:
 Guaxuma, de Nara Normande

Longas estrangeiros

Melhor Fotografia: Nelson Waisntein, por Averno

Melhor Roteiro: Marcelo Martinessi, por Las Herederas

Melhor Ator: Nestor Guzzini, por Mi Mundial

Melhor Atriz: Ana Brum, Margarita Irun e Ana Ivanova, por Las Herederas

Prêmio Especial do Júri: Averno, de Marcos Loayza

Melhor Filme do Júri Popular: Las Herederas, de Marcelo Martinessi

Melhor Direção: Marcelo Martinessi, por Las Herederas

Melhor Filme: Las Herederas, de Marcelo Martinessi

Longas brasileiros

Melhor Desenho de Som:
 Alexandre Rogoski, por Ferrugem

Melhor Trilha Musical: Max De Castro e Wilson Simoninha, Por Simonal

Melhor Direção de Arte:
 Yurika Yamazaki, por Simonal

Melhor Montagem: Gustavo Giani, por A Voz Do Silêncio

Melhor Ator Coadjuvante: Ricardo Gelli, por 10 Segundos Para Vencer

Melhor Atriz Coadjuvante: Adriana Esteves, por Benzinho

Melhor Fotografia: Pablo Baião, por Simonal

Melhor Roteiro: Jessica Candal e Aly Muritiba, Por Ferrugem

Melhor Ator: Osmar Prado, por 10 Segundos Para Vencer

Melhor Atriz: Karine Telles, por Benzinho

Menção Honrosa: A Cidade Dos Piratas, de Otto Guerra

Melhor filme do Júri Popular: Benzinho, de Gustavo Pizzi

Melhor Direção:
 André Ristum, por A Voz Do Silêncio

Melhor Filme: Ferrugem, de Aly Muritiba

Prêmios da Crítica


Melhor filme em curta-metragem brasileiro
: Torre

Melhor filme em longa-metragem estrangeiro
: Las Herederas

Melhor filme em longa-metragem brasileiro: Benzinho

Agência Estado

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