Pular para o conteúdo principal

Artista plástico Sérgio Pinheiro comemora marco na carreira com exposição Pinturação no Museu da Cultura Cearense

"Eu tenho a ligeira impressão que todo artista nunca sabe direito como é que começou", responde o artista visual Sérgio Pinheiro ao ser questionado sobre quando surgiu o interesse pela área. Com 50 anos de carreira, o cearense nascido no município de Jaguaribe é uma figura emblemática da cena cultural do Estado. O cinquentenário de sua carreira será comemorado na exposição Pinturação, que abre na próxima quinta, 20, no Museu da Cultura Cearense, com curadoria de Valéria Laena.
Em um fluxo de memórias, Sérgio sugere possíveis, mas indefinidos, começos: teria ele começado na primeira vez que lambuzou "uma coisa de pintura com 16 ou 17 anos, sem escola, na intuição"? Ou quando, "muito cedo", gostava de "pintar calçada de carvão e giz"? "O começo sempre é muito difícil", atesta. O artista afirma, no entanto, que o início "oficial" veio quando expôs no Salão de Abril "sei nem quando" - foi em 1967, quando ele completava 18 anos.
Foi também nessa época que, junto do agitador cultural e jornalista Cláudio Pereira, viajou pelo Brasil e pela América Latina nas "caravanas culturais" do amigo. "Elas eram pagas, mas ele botava alguns artistas lisos, o que era o meu caso. A gente chegava em um local e fazia uma exposição, um show. Eu participei de duas caravanas. O Cláudio apresentou a coisa da viagem, de conhecer outros lugares, outras cidades", destaca Sérgio. O caráter movente dessa experiência se refletiu na trajetória do artista, que já morou no Rio de Janeiro, na França e na Inglaterra, sempre através da arte.
A experiência mais importante, no entanto, foi a amizade com o artista cearense Zenon Barreto. "Um artista sem escola participa do Salão de Abril, viaja com o Cláudio Pereira e ainda chega no Zenon. Ele era um professor. Só frequentá-lo já era um grande aprendizado. Em xilogravura ele era um grande mestre, era grande escultor. Pintura não, muito pouco, mas o aprendizado era diário", remonta.
Foi pela pintura, no entanto, que Sérgio construiu carreira. "É bem difícil para um artista definir se é figurativo, abstrato, regional, universal Meu discurso hoje, nessa exposição, é uma homenagem à pintura. Isso não quer dizer que nunca fiz outra coisa, mas quer dizer que eu escolho a pintura, que eu quero vir a ser um pintor. Eu pinto, mas não sou pintor", diz com modéstia. "Sempre tive aproximação muito grande com as artes gráficas e uso computador, conheço alguns programas e fico ali mexendo com eles, produzindo. Faço de obra em obra, como se fosse a pintura. O que você pode fazer com o computador é parecido com o que faz com o pincel, ele é um instrumento", compara Sérgio. "A minha perseguição é querer a pintura. Eu gosto, eu olho, eu visito museus do mundo todo, estudo", afirma.
Pinturação é formada por cinco coleções produzidas ao longo da carreira de Sérgio: Os Transformers, Coloridos no pincel, Os Ambulantes, Abstrato Definido e O Raio do Futebol. Cada uma aposta em um tipo diferente de "perseguição" à pintura, indo do modo clássico ao digital. É o ato de perseguir de Sérgio que une obras distintas entre si. "Ela é composta por várias coleções que são completamente diferentes uma das outras. Mas o que está lá é baseado no que eu gosto, no que eu quero pra pintura, em escolhas estéticas, de enquadramento. Todas têm a ver", garante.
Serviço
Exposição Pinturação
Quando: abertura quinta, 20, às 19 horas. Visitação de terça a sexta, das 9 às 19 horas, e sábados e domingos, das 14 às 21 horas
Onde: Museu da Cultura Cearense (rua Dragão do Mar, 81)
Mais info: (85) 3488-8621
Entrada gratuita.
O Povo

Comentários