Padre Geovane Saraiva*
Batizado de Maria Clara, filha de Jackson e Adelaide (15/09/2018) |
Em cada celebração do banquete
nupcial do Cordeiro, ou Ceia Pascal, de Jesus com seus discípulos, faz-se
presente e atualiza-se o que Cristo realizou, no presente da salvação, dom e
graça para a humanidade. Ao se recordar o passado, que se faz presente na vida
das pessoas, antecipa-se o futuro, na forte expressão que se repete em cada
eucaristia: "Ele está no meio de nós".
A partir da Solenidade da
Exaltação da Santa Cruz (14/09) e da memória de Nossa Senhora das Dores
(15/09), veio à minha mente que, no Cristo Ressuscitado, se encontra a síntese
da existência humana, recordando-me das aulas do Monsenhor Urbano Zilles sobre
o Tratado da Escatologia, há mais de 30 anos. Pensei no aniquilamento ou
suplício da cruz, mistério a envolver o homem e todo o universo. Por maior que
seja seu amor próprio, ele é chamado a externar com um "não" ao
absurdo das trevas da morte, passando a sonhar com a utopia do reino, indo em
direção à reconciliação de todas as coisas em Cristo.
É a criatura humana que é chamada
a viver, tendo por base a esperança cristã, ao mesmo tempo em que a vida de
Deus quer se manifestar, na certeza de que a ressurreição se dará no futuro,
pelo prenúncio pascal da cidade celestial, no salvífico pulsar, longe de toda e
qualquer frustração. É a expectativa a nos interpelar, deixando claro que a
opulência e a concentração de enormes fortunas são empecilhos ao absoluto de
Deus, no sentido da realização a se antever pela fé (cf. Lc 9, 25). Que aprendamos
a ofuscar o que é efêmero e acidental, em nome de Jesus levantado, lá no alto
da cruz, ao revelar seu sinal e gesto redentor, seu senhorio e amor para
conosco.
Na imagem de Nossa Senhora das Dores, ou da Piedade, temos, diante dos olhos, a salvação da humanidade, pela
metáfora do seu corpo ensanguentado, ao sujar as mãos da Mãe de Deus,
oferecendo-se a nós no alimento da Eucaristia. Antecipa-se, de verdade, Jesus
no meio de nós, pelo caminho doloroso de Maria: na profecia de Simeão; na fuga
para o Egito; no Jesus que se perde no templo; no caminho do Gólgota; na
crucificação; no Jesus descido da cruz;
junto à sua sepultura, muito além de sete dores: as dores da humanidade.
Amém!
*Padre, Jornalista, Colunista e Pároco de Santo Afonso,
Parquelândia, Fortaleza-CE. Da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza
Comentários
Postar um comentário