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Cemitério dos fracassos

Carlos Delano Rebouças*

Lá, enterrei meus sonhos não realizados; sepultei meus desejos jamais preteridos; encovei minhas tentativas que me pareceram em vão, em minúsculo sepulcro, em campa de um descanso eterno, do tipo que se entrega ao mato e ao sol e à chuva. No cemitério dos fracassos, parece que há espaço para muitos.

Vivemos em plena cultura da aparência, na qual ninguém perde ou sofre desilusões, nem mesmo coleciona insucessos. Tudo significa uma alegria com sorriso breve, interrompido por um choro sem lagrimas, que não se vê, mas pode se imaginar.

Grita-se: Não chore! Não sofra! A vida é bela e boa para se viver! 

Que mentira...! Que grande verdade! Quantos dizem e desdizem essas frases curtinhas como suas certezas e exclamações, quando cabem bem mais interrogações? Como poucos creem que pode somente ser uma situação passageira, daquelas que mudam repentinamente, com um piscar de olhos?

Na maternidade dos sonhos, nasce, a todo instante, o sucesso em cada projeto que se desenvolve. Sob os cuidados do otimismo, planos são traçados e prazos estabelecidos, sempre com a convicção de que vingará, e ninguém ouse em dizer o contrário. 

O insucesso é uma realidade. Ele mostra a sua silhueta pelos mais diferentes motivos, tanto para se justificar quanto para nos servir de motivação para jamais desistirmos de superá-lo. É se aprender com os erros para se chegar aos acertos. 

Por que erramos tanto! Por que coleciono tantos insucessos na vida! Na minha cova não há mais espaço para tantos fracassos! O que devo fazer agora? Ajude-me! Ajude-me! Ajude-me...!

A sua ajuda inicia-se pela exumação de todos os seus fracassos, a qual permita uma reavaliação das causas que os concretizaram. Em seguida, faça uma reconstituição integral de sua trajetória, desde a maternidade dos sonhos até o cemitério dos fracassos, investigando todos os pormenores que possivelmente possam ter influenciado decisivamente na morte de um projeto que tinha tudo para dar certo, porém, perdeu-se por caminhos obscuros da vaidade e da insensatez. E para finalizar, embora jamais se finalize nada na vida, reflita sobre a sua execução e reavalie as suas atitudes. Entenda uma coisa: no cemitério dos fracassos só há espaço para quem não acredita no sucesso.

*Professor de Língua Portuguesa e redação, conteudista, palestrante e facilitador de cursos e treinamentos, especialista em educação inclusiva e revisor de textos.

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