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Dez patrimônios históricos de Fortaleza destruídos intencionalmente

As chamas que consumiram o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, evidenciaram o descuido com o patrimônio histórico brasileiro. Contudo, o desleixo responsável por transformar em cinzas quase todo o acervo de 20 milhões de itens não é exclusivo dos cariocas. Em Fortaleza, por exemplo, apesar de não haver registro de incêndios provocando tamanha destruição, são recorrentes os casos de prédios públicos, que trazem em si a história da Cidade, deliberadamente colocados abaixo. O POVO Online lista dez casos em que isso ocorreu. 

1. Imóvel na esquina das ruas 25 de Março e Franklin Távora, em 2018
Prédio demolido no Centro de Fortaleza em maio deste ano (Foto: Fábio Lima/O POVO)
Em caso mais recente, um edifício em processo de tombamento pela Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor) foi demolido em maio deste ano. Localizado na esquina das ruas 25 de Março e Franklin Távora, no Centro, o espaço havia sido comprado em meados de 2017 e passou por intervenções, sem autorização da Prefeitura, durante dias e horários de pouco movimento. 

2. Vila Vicentina, em 2016
Vila Vicentina foi parcialmente destruída (Foto: Fábio Lima/O POVO)
Construídas sobre terreno doado por Dionísio Torres à Sociedade São Vicente de Paulo em 1938, as casas da Vila Vicentina abrigavam a população carente da Capital. Foram erguidos cerca de 40 imóveis entre as ruas Tibúrcio Cavalcante, Dom Expedito Lopes, Nunes Valente e a avenida Antônio Sales. Em 28/10/2016, algumas casas começaram a ser demolidas no local por determinação de ordem judicial para reintegração de posse. À época, uma construtora alegava ser proprietária da área. A ação foi interrompida após protesto dos moradores.

3. Casarão na avenida Santos Dumont, em 2015
Prédio foi demolido durante a madrugada (Foto: Mariana Lazari/O POVO)
Sede durante anos da Promotoria de Justiça da Defesa da Saúde Pública do Ministério Público do Estado do Ceará, o casarão erguido durante as décadas de 1930-1940 foi colocado abaixo na madrugada de 27/6/2015. O imóvel não era tombado, apesar do valor histórico e de ser símbolo do processo de povoamento da cidade para o Leste, um dos poucos imóveis da chamada “primeira Aldeota”.

4. Bangalô da Escola Nossa Senhora da Assunção, em 2013
Prédio abrigou escola por 50 anos (Foto: Sara Maia/O POVO)
Demolido em 2013, o histórico bangalô localizado nas ruas Padre Valdevino e João Cordeiro, no bairro Joaquim Távora, abrigou por mais de 50 anos a Escola Nossa Senhora da Assunção. A edificação foi comprada pela Congregação das Filhas de Santa Teresa (originária do Crato) em maio de 1955. Dois anos depois, começou a funcionar a escola. Em 2007, o edifício foi vendido e anos depois deu lugar a um condomínio residencial

5. Hospital Psiquiátrico Mira Y López, em 2013
Hospital foi demolido para construção de prédio residencial (Foto: Daivyson Teixeira/O POVO)
Construído em 1927 como Casa das Missões, no Benfica, o imóvel abrigava padres vindos da Europa para o Brasil. Na década de 1960, o prédio foi vendido e transformado no Hospital Psiquiátrico Mira Y López, com 200 leitos. O espaço foi demolido em março de 2013 para construção de prédio residencial. À época, a Coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural da Prefeitura de Fortaleza informou existir uma solicitação de tombamento do local, mas o pedido não se enquadrava na Lei do Patrimônio Cultural.

6. Chácara Flora, em 2011
A última chácara remanescente do Benfica, datada de 1898 e em processo de tombamento, foi demolida (Foto: Mauri Melo/O POVO)
Sob proteção do Município em processo de tombamento, a Chácara Flora foi demolida em dezembro de 2011. Localizada na rua Marechal Deodoro, 818, a chácara era a última remanescente no Benfica, datada de 1898. 

7. Centro Artístico Cearense, 2000
Inaugurado em 1912, no cruzamento das avenidas Tristão Gonçalves e Duque de Caxias, no Benfica, o Centro Artístico Cearense foi demolido em 2000. O edifício sediou o Cine Centro, um dos primeiros do Ceará. O espaço chegou a ser tombado, mas sofreu danos ao longo do anos e foi demolido na virada do milênio. 

8. Casa de Rodolfo Teófilo, em 1985
Casa do sanitarista foi demolida, apesar de já constar como tombada (Foto: Divulgação)
Localizada na Avenida da Universidade, no Benfica, a casa do sanitarista e escritor Rodolfo Teófilo foi derrubada e deu lugar a prédio residencial. À época, em 1985, o imóvel foi tombado por meio de decreto. Contudo, três dias após a determinação, o local foi demolido. No terreno, foi construído um edifício residencial. 

9. Casa do banqueiro João Gentil, em 1958
Proprietário de muitas residências na região do Benfica, o banqueiro João Gentil é um dos precursores da história da Gentilândia. Dele, por exemplo, foi a posse do imóvel onde atualmente funciona a Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC). Outras edificações tiveram destino diferente. O Palacete que abrigou o Ginásio Americano foi comprado em 1958 pela instituição de ensino superior e demolido em seguida. No local, atualmente, funcionam os cursos de ciências sociais. 

10. Palácio do Plácido, em 1974
Imóvel localizado na avenida Santos Dumont, no cruzamento com a rua Carlos Vasconcelos, o Palácio foi projetado por Plácido de Carvalho para sua esposa entre as décadas de 1910 e 1920. Em fevereiro de 1974, o edifício foi demolido por proprietários do grupo Romcy durante processo de tombamento do local. 

Fonte: Arquivo O POVO.DOC e livro Tombamento: Afetos Construídos, da advogada Manoela Queiroz Bacelar

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