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Educador Ari de Sá Cavalcante faria 100 anos de idade em 2018; novo livro celebra sua memória

 por Felipe Gurgel - Repórter
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No último dia 26 de agosto, o professor Ari de Sá Cavalcante (1918-1967) completaria 100 anos de idade. Para marcar o centenário, em edição do Colégio Ari de Sá Cavalcante, os herdeiros celebram a memória do pai, personalidade reconhecida no cenário educacional do Ceará, com o lançamento do livro "Centenário de nascimento: Professor Ari de Sá Cavalcante 1918 - 2018".
A organização do livro ficou a cargo de seu filho mais velho, Oto de Sá Cavalcante (engenheiro civil e professor). Casado com a professora Maria Hildete Brasil de Sá Cavalcante, Ari teve, além de Oto, mais quatro filhos: Hilda (professora), Tales (engenheiro e professor), Dayse (economista) e João (engenheiro).
A publicação conta com depoimentos assinados por diversas personalidades do Ceará, em homenagem ao educador. Textos de nomes como Adauto Bezerra, Elon Lages Lima (1929-2017), Hélio Guedes Campos de Barros, João Moreira Valle, José Aristides Braga, José Tarquínio Prisco, o colunista social Lúcio Brasileiro, o médico e ex-governador Lúcio Alcântara, a ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenele, o ex-deputado Mauro Benevides, dentre outros, marcam a memória de Ari.
Além dos textos em tom solene e depoimentos mais sensíveis (como o do filho Oto Sá, organizador do livro), a publicação traz a reprodução de discursos manuscritos, recortes de jornais, imagens de arquivo da família Sá Cavalcante e até poemas (a exemplo da homenagem do escritor e ex-governador Gonzaga Mota pela memória de Ari, Mario Simonsen, Nilson Holanda, Virgílio Távora, Aureliano Chaves, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães).
Nascido em Jucás/CE (cidade a 396 km de Fortaleza), no dia 26 de agosto de 1918, Ari de Sá era filho do coletor de impostos João de Sá Cavalcante e da professora Raimunda Rabelo de Sá Cavalcante. Começando os estudos ainda em sua cidade natal, Ari fez o curso secundário no Ginásio do Crato (CE) e concluiu em Fortaleza, no Colégio Castelo Branco. Na capital cearense, Ari de Sá trabalhou neste colégio, como secretário, para bancar seus estudos.
Ari de Sá, a princípio, queria cursar Engenharia na universidade, mas o curso não existia no Ceará, durante os anos de 1930. Em 1935, portanto, ele ingressou na Faculdade de Direito (após o segundo lugar no vestibular) e formou-se como advogado quatro anos depois. Sua carreira como professor teve início neste tempo, quando o educador começou a dar aulas de português e matemática pelos colégios de Fortaleza da época.
Dentre outras experiências na docência, Ari ensinou, desde 1941 (até sua morte, 26 anos depois), no colégio Farias Brito, ao lado do professor João Ramos de Vasconcelos César. O educador ocupou vários cargos na militância pela educação, seja na gestão pública (como Secretário de Educação do Estado), seja no ambiente universitário (dirigiu o Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade Federal do Ceará, de 1960 a 1963).
Sua passagem pela UFC se confunde à evolução do curso de Ciências Econômicas da UFC. E seu envolvimento com a faculdade foi tanto que, poucos dias antes de falecer, o professor tinha sido eleito para um mandato de três anos na direção do curso.
Homenagens
O curso de Economia da UFC é um dos lugares que registra a memória do professor até hoje. Em 2008, a biblioteca do curso de pós-graduação em Economia da universidade (CAEN/UFC) foi reinaugurada com o nome Ari de Sá Cavalcante.
O nome de Ari ainda batiza uma das ruas da Barra do Ceará, uma praça na Avenida Jovita Feitosa (Parque Araxá), além das bibliotecas dos colégios estaduais Noel Hugnen de Oliveira Paiva e Castelo Branco.
Intimidade
Dentre os textos do livro, o depoimento assinado pelo filho mais velho, Oto de Sá Cavalcante, traz alguns traços de personalidade e do temperamento do pai, na intimidade do lar. Ciente de suas limitações pessoais, Ari não tinha problemas em afirmar, para toda a família, que sentia que não viveria muito tempo. "Vocês se cuidem, porque eu vou viver pouco", teria afirmado o homenageado, segundo Oto.
O filho recorda sobre as orientações do pai para poupar dinheiro, por exemplo, e como Ari (enquanto pai e professor) lidava com a educação dos filhos dentro de casa. Oto recapitula que foi desafiado pelo pai, a respeito do ingresso na faculdade de Engenharia da UFC. "Era apenas um desafio para que levasse mais a sério o vestibular. Na verdade, eu era um estudante mediano, pois me dedicava apaixonadamente ao futebol contra a vontade do papai", lembra o filho mais velho.
Além da intuição pela sua própria morte, Ari de Sá foi diagnosticado com deficiência na válvula mitral do coração antes dos 40 anos de idade. Para corrigir o problema, ele teria de se submeter a uma cirurgia de risco. Desgastado por noites mal dormidas e um cansaço constante, o professor decidiu fazer o procedimento com o doutor Adib Jatene (1929-2014), em São Paulo. No entanto, Ari não resistiu e faleceu aos 49 anos de idade, em 1967.
Diário do Nordeste

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