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Maior parte das obras da Bienal de SP é de autoria masculina


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"Glömd", de Mamma Anderson e "Rodtchenko", de Waltercio Caldas ( Fotos:Per-Erik Adamsson/Vicente de mello )
Dos sete curadores escolhidos para organizarem os espaços no pavilhão da 33ª Bienal de São Paulo - Afinidades Afetivas, que começa nesta sexta (7), quatro são mulheres e três, homens. Porém, as obras selecionadas por esses mesmos artistas não refletem esse equilíbrio - boa parte das peças selecionadas são de homens. Em entrevista aos jornalistas na manhã da última terça-feira (4), os curadores convidados explicaram suas escolhas.
A sueca Mamma Andersson diz esperar que os visitantes vejam as obras "de artistas e não de gêneros". Waltercio Caldas fez coro ao afirmar que não partiu da escolha de nomes de artistas para sua seleção, mas sim de obras.
Selecionado pela Fundação Bienal, o curador espanhol Gabriel Pérez-Barreiro apresentou desde o início uma proposta que distribui o poder de decisão e dá prioridade às influências entre processos e artistas.
Durante a coletiva, ele afirmou que deu liberdade total aos artistas convidados. "Estamos acostumados a olhar para a lista de artistas como se fosse a de uma exposição. Mas na Bienal tem, por exemplo, um espaço enorme dedicado às obras de Denise Mila", conta, citando a artista que cria esculturas e instalações com grandes pedras de cristais.
Conceito
A ideia de "Afinidades Afetivas" guiou a construção dessa Bienal. A expressão nasce da associação de um romance de Goethe Afinidades eletivas (1809) com o pensamento de Mário Pedrosa em sua tese "Da natureza afetiva da forma na obra de arte" (1949). Sete artistas de diferentes origens, gerações e práticas artísticas foram convidados por Pérez-Barreiro a conceber, cada um deles, uma exposição coletiva selecionando seus pares.
Alejandro Cesarco concentra sua pesquisa em artistas que trabalham sobre tradução e imagem; Antonio Ballester Moreno propõe um diálogo de sua obra com referenciais que tratam da história da abstração e a relação com a natureza, a pedagogia e a espiritualidade; Claudia Fontes pretende ativar questões envolvendo relações entre arte e narrativa; Mamma Andersson elabora questões de figuração na tradição da pintura, desde a arte popular à arte contemporânea; Sofia Borges prepara uma pesquisa sobre a tragédia e a forma ambígua; Waltercio Caldas desenvolve uma reflexão histórica sobre a forma e a abstração e Wura-Natasha Ogunji reúne um grupo de artistas que trabalham com proximidade, compartilhando questões sobre a identidade e a diáspora africana.
Além desses espaços, doze projetos individuais foram eleitos por Pérez-Barreiro. Três deles são homenagens póstumas a Aníbal López (1964-2014, Guatemala), Feliciano Centurión (Paraguai, 1962 - Argentina, 1996) e Lucia Nogueira (Brasil, 1950 - Reino Unido, 1998).
Museu Nacional
Outras questões foram levantadas durante a entrevista, como o incêndio no Museu Nacional, no Rio, que destruiu boa parte do casarão imperial. "É uma catástrofe de dimensões mundiais. Isso mostra como o Brasil não tem política de estado para a cultura", disse o vice-presidente da Bienal. "Não há inovação sem conservação", acrescentou Saron, que acredita que o incêndio destruiu milhões de anos de pesquisas.
No caso da Fundação Bienal, Saron afirmou que começou há três anos o processo de digitalização e higienização de um milhão de obras e documentos da instituição. Parte deste material deve estar disponível online até 2021 - ano no qual a fundação completa 60 anos.
Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc, também prestou solidariedade sobre a destruição do museu carioca e aproveitou para criticar as propostas dos presidenciáveis. "Estamos às vésperas das eleições e eu não ouvi uma frase do que eles pretendem fazer em relação a cultura do país". (Com informações da Folhapress e da Fundação Bienal)
Diário do Nordeste

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