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MEU PROFESSOR: MEU SUPER-HERÓI

Carlos Delano Rebouças*
Abraçar a profissão de professor é muito mais do que um ofício que usa o repasse e o compartilhamento de conhecimentos para edificação humana, é também assumir a responsabilidade de se tornar uma referência para muitos, especialmente, para o seu aluno.

A escola e sala de aula, para muitos alunos, por incrível que pareça, representam o seu mundo, ou seja, espaços onde se sentem mais libertos e mais acolhidos, e onde conseguem enxergar em determinadas figuras, como a de colegas e profissionais, qualidades e valores que já não enxergam, infelizmente, nos componentes da família.

O professor é um deles. Esse profissional de educação que passa boa parte, aliás, grande parte do dia com tantos alunos, dividindo um espaço físico na construção de conhecimentos, também passa a dividir o espaço em seus corações, em suas vidas, fazendo, quem sabe, as vezes de pai e mãe, ou mesmo dos dois, não só pela carência física, mas também  pela ausência e omissão.

Engana-se quem pensa que enxergar no professor um super-herói é comum em alunos menos privilegiados socialmente; aqueles que sofrem bem mais com as consequências de um mundo tão desigual. O Super-homem ou Mulher maravilha da educação é muito comum existir no coração e no pensamento dos mais favorecidos.

Muitos alunos de classe alta - filhos que possuem tudo que tem preço, mas que desconhecem valores, e que seus pais acreditam que já é o bastante - sofrem pelo distanciamento dos genitores, pela falta de carinho e atenção. Carentes de serem indagados sobre como foi a aula do dia, por exemplo, ou mesmo o pedido para ver a tarefa executada em sala, na leitura de seu caderno ou agenda.

Não encontrando essa atenção em casa, certamente busca em outro lugar ou em outra pessoa. Em alguns casos, infelizmente, encontra na rua, no mundo e no traficante. Em outros casos, encontra no professor, sem dúvida, bem melhor, ou em sala de aula aquela atenção que tanto sente falta e aquele carinho que nem lembra mais se um dia recebeu. O Professor passa a representar não somente uma referência de educação, como o é, mas também a ser aquele “paizão” de vários “filhos”, embora se tenham muitos deles muito bem assistidos pelos pais em casa, preparando-os para a vida.

E o que resta a esse profissional chamado professor, sem superpoderes, mas com responsabilidades inevitáveis de desconhecer?

Resta assumi-las como um legítimo educador, aquele que tem grande significado na vida de tantos discípulos, que se tornou e se torna uma referência a cada dia de conhecimento repassado, de compreensão, de sabedoria e de respeito. Ser professor é ser ciente que sua função social é tão importante quanto à profissional, e que pode, além de transformar vidas, resgatá-las e revitalizá-las.

*Professor de Língua Portuguesa e redação, conteudista, palestrante e facilitador de cursos e treinamentos, especialista em educação inclusiva e revisor de textos.

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