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No cordel, na música ou nas histórias ficcionais, Festa Literária da Caixa Cultural celebra a literatura em suas diferentes expressões

Marília Lovatel (foto), Fausto Nilo e Klévisson participam da programação da Flicaixa Tatiana Fortes
Marília Lovatel (foto), Fausto Nilo e Klévisson participam da programação da Flicaixa Tatiana Fortes
Literatura, dizia Fernando Pessoa, "existe porque a vida não basta". Como a extensão da vida, a arte da palavra nos transborda: recria a vida, pulsa em vivências. Para celebrar as múltiplas expressões do pensamento por meio da literatura, a Festa Literária da Caixa (Flicaixa) discute estilos literários, contemporaneidade, arte e cultura em suas diferentes nuances. A partir de hoje, autores e leitores encontram-se na Caixa Cultural Fortaleza para festejar o cordel, a música, literatura local e histórias de vida que saltam dos livros.
"Todo leitor recria a obra que lê, porque a insere no seu próprio tempo. Estreitar laços entre criadores e leitores é uma vivência muito valorosa", considera Aurélio Schommer, curador do evento. Para ele, as festas literárias chamam a atenção para a necessidade de ampliar experiências de leitura."É preciso pensar a literatura para além do objeto-livro: o maior desafio é explorar, a partir dela, a criação pela palavra em outros suportes, seja na música, no teatro ou em tantas outras expressões artísticas", completa.
Percorrendo a poesia popular e seus traços de oralidade, os cordelistas Klévisson Vianna e Eduardo Macedo participam, na quinta, da mesa Cordel Imorredouro. Com mediação da jornalista Regina Ribeiro, da Fundação Demócrito Rocha, eles passeiam pela produção do cordel no Nordeste e pelos desafios para seu reconhecimento enquanto patrimônio. "É acima de tudo um gênero literário, e não apenas um souvenir", pondera Klévisson Viana. Há mais de um século, nossos poetas populares lutam pelo reconhecimento do cordel. É por causa deles que trabalho para que as pessoas se encantem sempre mais com essa arte", finaliza o autor.
Diante da instantaneidade da tecnologia e das imagens, discussões sobre o lugar da literatura na atualidade ganham novo impulso. A discussão será apresentada pela jornalista e escritora cearense Socorro Acioli, junto ao também escritor Cristóvão Tezza, na mesa "Desafio dos livros ao efêmero". "É urgente pensar sobre os novos papéis que a literatura assume em tempos de velocidade, justamente porque ela nos convida a parar e olhar para os outros e para dentro de nós", pondera. Para a escritora, a força da experiência de leitura "é sempre transformadora".
Nos saraus, nas mediações de leitura ou nas conversas ao redor dos livros, a literatura floresce não apenas no papel em branco, mas também nas tantas vivências que proporciona. Para falar sobre a experiência de semear "árvores-palavras" no espaço da cidade, as escritoras Naiana Gomes e Anna K. Lima conversam, amanhã, sobre uma literatura que adentra as salas de aula, ganha vida nas praças e colore os espaços públicos. "É preciso tirar a literatura desse pedestal, dessa ideia ultrapassada de erudito. Somente quando a literatura estiver no meio das pessoas, ela vai poder reafirmar seu poder transformador", pondera Ana. Na ocasião, Maíra Ortiz convida Antônio Torres e Marília Lovatel para participar da mesa Nossas muitas histórias. Encerrando a programação de debates, Verônica Sttiger e Luisa Geisler, autoras que fazem uma literatura de experimentação e vanguarda, falam sobre a verdade em suas diferentes abordagens por meio da literatura, na mesa mediada por Regina Ribeiro.
A festa literária da Caixa, por tradição, também se abre para o universo lúdico com contação de histórias, teatro e debates sobre literatura para crianças. Um dos destaques da FliCaixinha é um bate-papo com o autor Odilon Moraes, que conversa sobre a escrita híbrida dos chamados livros ilustrados infantis, na tarde do sábado. "Nesse tipo de narrativa, a ilustração torna-se parte complementar da própria leitura", explica Odilon. Para ele, este formato, cujas origens remontam ao século XIX, permite desfrutar dois tipos de prazer na leitura: "o de saborear a construção da linguagem e o da narrativa propriamente dita".
Um dos destaques acontece também no sábado, quando as cantoras Paula Tesser e Natasha Faria levam cores e brincadeiras com o espetáculo Doidice que dá. A apresentação faz um passeio por músicas infantis que marcaram diferentes gerações, além de dar versões cheias de imaginação e movimento para canções de compositores cearenses como Fausto Nilo e Chico Anysio.
Flicaixa
Onde: Caixa Cultural Fortaleza. (avenida Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)
Quando: 4, 5, 6 e 7 de outubro. A partir das 15 horas 
Entrada gratuita
Info: (85) 3453 2770
O Povo

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