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Com lançamento hoje, o livro Mirabilia reúne contos inéditos de Natal nada convencionais

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O termo "mirabilia" tem origem no latim e representa tudo que é maravilhoso e digno de admiração. A partir dessa premissa, 22 alunos da oficina de escrita criativa ministrada pela escritora cearense Socorro Acioli reuniram saberes, idades, aptidões e talentos em uma coletânea de contos inspirados no Natal. Com a ideia de fugir dos clichês narrativos comuns da época, a obra reúne textos de escritores com os mais diversos percursos literários e de vida.
A ideia nasceu da provocação de Socorro Acioli - que é cronista do Vida&Arte - durante uma aula para os alunos de escrita criativa em 2017: de que forma escrever sobre o período natalino fugindo do que já é conhecido? Um ano depois a pergunta é respondida na coletânea de contos, que usa de regionalidades e do cenário cearense para dar vida às histórias.
O autor do conto Uma Orgia de Natal, Filipe Pinho, descobriu a escrita quando começou a ir a sessões de psicoterapia. A partir do autoconhecimento, passou a escrever contos e crônicas para preencher o vazio que lhe atormentava. Foi assim, há 15 anos, que o advogado descobriu o poder transformador das palavras e, desde então, não parou de usá-las. Em seu texto, um Papai Noel bêbado e chateado acaba parando em uma casa onde acontece uma orgia de Natal
Mirabilia é a segunda publicação de Filipe e se traduz em "muita realização e aprendizado". A coletânea de contos é também a segunda publicação de Stênio Garcia, funcionário da Justiça Federal. Ao compreender como histórias podem fascinar e atingir as pessoas, percebeu a vontade de ir além de espectador e passar a ser o criador. Fascinado desde pequeno com o suspense de Conan Doyle em O cão dos Baskerville e um tanto chocado com o final do filme O Planeta dos Macacos, por muito tempo escreveu apenas para si - alimentando gavetas no quarto e a memória do computador. Após participar do Ateliê de Narrativas com Socorro Acioli, em 2016, lançou o primeiro livro, Farol (2017), também uma coletânea de contos.
O maior desafio na nova publicação foi achar um meio termo entre o novo e o que já é conhecido. "Acho que a maior dificuldade é fugir dos elementos que compõem a ideia de Natal ao mesmo tempo em que é preciso utilizá-los, achar uma interseção. No caso do meu conto, essa interseção surgiu numa inversão: no lugar de falar do nascimento tão celebrado, falar de um nascimento repudiado, rejeitado, marcado por violência", pontua Stênio.
Diferente de Pinho e Stênio, para muitos outros autores que assinam Mirabilia, esta é a primeira publicação. Lorena Moreira, autora do conto A Palmatória, desde criança escutava o pai contar histórias, e foi assim que a pedagoga se apaixonou por elas. Apesar de a afinidade vir desde a infância, só agora ela publica a primeira obra. O sentimento para o primeiro livro é o de concretização de um sonho sonhado em grupo. Lorena traz uma história baseada em um sofrimento real, pensada a partir da vivência de seu pai, que na década de 1930 apanhava por ser canhoto. "Quando enxergamos o sofrimento que tantos enfrentam, principalmente no Natal, podemos fazer diferente, através da reflexão, partilha, solidariedade e amor", elucida.
O título Mirabilia foi um presente de Socorro, que ao ver a dificuldade dos autores em encontrar algo adequado, cedeu o nome que guardava há tanto tempo na gaveta. Apesar de ter escrito apenas o prefácio e não possuir nenhum conto na obra, ela sente como se o livro fosse seu também. Publicado pela editora Labrador, de São Paulo, o lançamento acontece hoje, no Teatro Nadir Papi Saboia, às 18 horas. "A maravilha está na vida, mesmo quando ela não aparece. Ela está às vezes sobre os escombros, às vezes exposta, às vezes iluminada. A vida tem as suas mirabilias presentes o tempo todo", afirma Socorro Acioli.
Mirabilia
Quando: hoje, 3, às 18 horas
Onde: Teatro Nadir Papi Saboia (rua 8 de Setembro, 1331 - Varjota)
Entrada gratuita
 O Povo

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