Pular para o conteúdo principal

Dez livros essenciais recomendados pelo 'Aliás' em dezembro

Equipe do 'Aliás' compila a última lista de recomendações de 2018

André Cáceres e Antonio Gonçalves Filho, O Estado de S.Paulo

Dez livros essenciais recomendados pelo 'Aliás' em dezembro
 
A equipe do Aliás seleciona, na última edição de cada mês, dez obras publicadas recentemente no Brasil e em outros países para incluir em sua Estante. Confira as indicações de novembro:
 
 
República Luminosa - Andrés Barba (Todavia)
 
Ensaísta, poeta e autor de livros infantis, escolhido há oito anos pela revista Granta como um dos melhores escritores jovens de língua espanhola, Andrés Barba foi premiado no ano passado com o Herralde por este República Luminosa, romance sobre crianças violentas que aparecem misteriosamente em San Cristóbal, uma cidade próxima da selva. Barba escolhe uma testemunha da ação perturbadora dessas crianças para revisitar o episódio que levou os cidadãos locais a reconsiderar suas posições sobre a ingenuidade infantil e a ideia de ordem. Elogiado por autores como Edmund White, Barba é também tradutor de autores ingleses e americanos.
Úrsula - Maria Firmina dos Reis (Companhia das Letras/Penguin)
Um dos primeiros romances brasileiros de autoria feminina, publicado em 1859, Úrsula, da maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917), considerada a primeira romancista negra brasileira, conta a história de um casal apaixonado, Úrsula e Tancredo, cujo relacionamento sofre com a interferência externa de uma sociedade escravocrata e cruel. Esta nova edição do livro tem como diferencial o estabelecimento de texto e introdução de Maria Helena Pereira Toledo Machado, e cronologia de Flávio Gomes. O tema da escravidão aparece também em outro livro da pioneira Maria Firmina dos Reis, A Escrava (1887), que elege como heroína uma ativista da causa abolicionista.
A Máquina Parou - E.M. Forster (Iluminuras)
Autor dos clássicos Passagem para a Índia e Maurice, o inglês E.M.Forster escreveu um texto de ficção científica que não é muito conhecido do leitor brasileiro, A Máquina Parou, distopia sobre uma Terra arrasada por catástrofes ecológicas e pessoas vivendo no subterrâneo que são comandadas por uma máquina. O texto foi escrito em 1909, mas seu tema é atual, assim como outra novela de Forster, Paisagem com Risco Existencial, que ganha uma análise do crítico e ensaísta Teixeira Coelho. O autor inglês chegou a declarar que escrevera A Máquina Parou como contraponto das fantasias científicas de H.G. Wells, o autor de A Máquina do Tempo.
As Três Irmãs, de Tchékhov, por Stanislavski (Perspectiva)
 O diretor russo Constantin Stanislavski foi grande amigo e parceiro de Chekhov, montando suas peças no histórico Teatro de Arte de Moscou, entre as quais As Três Irmãs, encenada por ele. Neste livro, volume da coleção Stanislavaski, estão as traduções diretas do russo e as partituras cênicas do diretor. Tieza Tissi analisa o trabalho de Stanislavski, que sempre interferia nos originais para dar à montagem maior autenticidade, baseando-se na experiência pessoal de seus atores e nos ruídos externos que traziam o real para o interior do teatro. A autora, mestre em teatro russo, explica o método de Stanislavski e as liberdades com Chekhov.
Evolution of Desire - Cynthia Haven (Michigan University Press)
Em Evolution of Desire: A Life of René Girard, Cynthia Haven examina a vida de um dos grandes pensadores do século passado – sobretudo a vida intelectual, considerando que Girard nunca foi um homem de grande trânsito social, mas um intelectual reservado, cuja vida transcorreu sem grandes aventuras. A autora, que escreveu outras biografias (Brodsky, Milosz), conta a trajetória de Girard, de sua juventude como estudante de cultura medieval em Chartres, até sua mudança para os EUA, em 1947. Girard é conhecido por sua teoria mimética – a adoção de modelos pelos humanos – e toda a sua obra foi publicada no Brasil pela editora É Realizações.
A Transparência do Tempo - Leonardo Padura (Boitempo)
O detetive Mario Conde talvez não corresponda ao estereótipo do investigador durão de film noir e do cyberpunk, nem é exatamente o Sherlock Holmes de Havana. Conde é o protagonista de boa parte dos livros do escritor cubano Leonardo Padura, incluindo seu mais recente lançamento, A Transparência do Tempo, que chega ao Brasil agora pela Boitempo. Nesse romance, o personagem, agora com 60 anos e tendo um olhar cada vez mais pessimista sobre seu país, recebe uma oferta de trabalho: recuperar uma escultura que sumiu. O que, a princípio, parecia simples, se mostra uma viagem ao passado, entre a Cuba contemporânea e a Catalunha medieval.
Riminhas para Crianças Grandes - Wisława Szymborska (Ayiné)
Os grandes escritores nunca deixam morrer suas crianças interiores: James Joyce legou contos infantis em cartas para seu neto; J.R.R Tolkien escreveu diversas obras – incluindo O Hobbit – pensando em seus filhos; e Eugène Ionesco fez peças absurdas infantis para sua filha. Não poderia ser diferente com a poeta polonesa Wisława Szymborska, vencedora do prêmio Nobel de Literatura m 1996: Riminhas para Crianças Grandes não é exatamente destinado ao público infantil, mas contém diversos experimentos formais, jogos poéticos e brincadeiras literárias da escritora que sempre se trancava em seu apartamento para “brincar de ser artista”, segundo ela.
Nos Ombros dos Gigantes - Umberto Eco (Record)
“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes”, afirmou o físico Isaac Newton, que revolucionou nossa compreensão do sistema solar. Essa citação inspira o título de um livro póstumo do semiólogo italiano Umberto Eco, que compila palestras proferidas por ele entre 2001 e 2015 no festival La Milanesiana, reunião de grandes nomes das artes, da filosofia e da ciência. Eco fala sobre o fim das utopias na virada do milênio e critica a tendência das pessoas a crer em teorias conspiratórias no texto mais recente. Como ele usava obras de arte para exemplificar seus conceitos e argumentos, o livro inclui mais de 100 imagens em meio aos 12 textos. 
Dez Argumentos para Você Deletar Agora Suas Redes Sociais - Jaron Lanier (Intrínseca)
Jaron Lanier é um dos homens mais bem-sucedidos do Vale do Silício, criador de um projeto imersivo de realidade virtual, com direito a uma luva que permite ao usuário sentir até mesmo o toque e o peso de objetos inexistentes. Embora seja o titereiro de uma ilusão tecnológica, ele alerta ferozmente para os perigos das redes sociais – alguns dos quais os brasileiros puderam testemunhar em primeira mão em 2018. Em Dez Argumentos para Você Deletar Agora Suas Redes Sociais, um título que sugere urgência, ele mostra como o atual modelo de negócios de empresas como o Facebook lucra com a disseminação do ódio e é corrosivo para as democracias e as relações sociais – essas sim, de verdade.
Pequenos Poemas em Prosa: O Spleen de Paris - Charles Baudelaire (Via Leitura)
Publicado originalmente em 1869, Pequenos Poemas em Prosa – O Spleen de Paris é uma reunião de versos como os que tornaram Charles Baudelaire um dos pilares do simbolismo francês. Em resposta ao paradigma da época, dominado pelo parnasianismo, Baudelaire se rebelou, em termos de forma e de conteúdo, contra essa estética essencialmente burguesa, marcando uma ruptura nos padrões literários ao abordar a realidade cotidiana sem idealismos e em versos livres. Baudelaire foi considerado imoral por recorrer a temas como a sexualidade, o uso de drogas e a crítica à religião, mas lançou as bases para outros poetas de vanguarda.

Cultura/Estadão

Comentários