Padre Geovane Saraiva*
Que os sinais da graça de Deus, pela caridade, pela oração e pelo jejum, neste início de Quaresma, permeiem nosso compromisso com o mesmo Deus, na comunidade dos batizados. A celebração da Quarta-feira de Cinzas nos diz: “Voltai a mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos, rasgando o vosso coração, e não as vossas vestes” (Jl 2, 12). Portanto, somos convencidos, evidentemente, de que a essência da conversão é, de verdade, um coração aberto, generoso e contrito, no qual se supõe um forte desejo de mudança, de vida interior.
Pensemos, pois, nas cinzas – matéria tão leve, mas que se dispersa num sopro – que são colocadas nas cabeças dos fiéis seguidores, que buscam Jesus de Nazaré! Elas nos revelam que não somos nada, como nos dizem as palavras do Livro Sagrado: “Minha existência, perante Ti, Senhor, é como um nada” (Sl 39, 6). Assim sendo, ante essa indizível verdade, o orgulho humano é convidado a declinar e a desfazer-se, transformando-se em fragmentos ou migalhas, na apropriação dos incomparáveis bens ou dons de Deus.
Comovidos por nossa própria humildade, oriunda de um Deus terno e afável, numa viva esperança, a Igreja convida os seus filhos, neste tempo favorável e de graça, a inclinar a fronte para acolher as cinzas, num visível sinal de humildade, num pedido de perdão pelos seus pecados e pelos de toda a humanidade, na certeza de que Deus quer a conversão interior dos irmãos de boa vontade, respondendo, não só com súplicas e louvores, mas, sobretudo, com o coração aberto, lembrando que todos são chamados a mergulharem no mistério do amor de Deus.
Nos caminhos do referido mistério, aplacados por nossas boas obras, é importante não prescindir da inclusão de tal prática para todas as pessoas necessitadas de conversão, inclusive as mais virtuosas, muitas vezes tidas como puras e santas, mas que necessitam igualmente de conversão, próximas destas verdades: seu nada, sua condição vulnerável e sua realidade mortal. Assim seja!
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