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Prêmio Literário Choix Goncourt du Brésil elege o primeiro vencedor: David Diop

Braço do mais prestigioso prêmio literário francês, o Goncourt, ele envolveu estudantes universitários brasileiros que escolheram 'Frère d’âme', livro de David Diop que mostra a Primeira Guerra pelo olhar de um combatente senegalês

Maria Fernanda Rodrigues, O Estado de S. Paulo

Frère d’âme (Irmãos de Alma), um livro sobre a Primeira Guerra que mostra o conflito pelo olhar de um combatente senegalês no exército francês – que vê seu melhor amigo ser morto e vai sofrer as consequências psiquicamente, e vai fazer sofrer – foi o livro escolhido por um júri de estudantes universitários brasileiros para a primeira edição do Prêmio Literário Choix Goncourt du Brésil
Braço do Prêmio Goncourt, o mais prestigioso e antigo da literatura francesa, e realizada em alguns países árabes e europeus, a premiação chega agora ao continente americano. Criado para promover a francofonia, o prêmio prevê apoio do Instituto Francês para a publicação/tradução do livro no Brasil e a ideia é que o autor, o francês David Diop,  de 53 anos, venha ao País para participar de eventos literários.
Prêmio Literário Choix Goncourt du Brésil elege o primeiro vencedor: David Diop
Livro de David Diop terá apoio para ser publicado e a ideia é que o autor venha ao Brasil Foto: Joel SavagetAFP
 
Um grupo de 10 alunos de universidades públicas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Recife – a ideia é ampliar no ano que vem – leu quatro livros finalistas do Goncourt, acompanhados de seus professores, e elegeram Frère d’âme – que perdeu o prêmio original para Nicolas Mathieu.
“Foi o livro que mais nos emocionou pelo prazer de poder estar sob a pele de alguém que conta a guerra da forma como ela é, real, cheia de sofrimentos, contradições e imposições. Na pele de alguém que nos mostra o olhar do colonizado e que não é inocente e nem submetido. É o prazer de descobrir o mundo africano cheio de belas imagens e de poesia. Um respiro para o leitor, um oásis no meio da crueldade da guerra”, explica Larissa Esperança, aluna do último ano da faculdade de Letras (Francês/Português) da USP e membro da comissão julgadora. 
Ela completa: “Para nós, brasileiros, tem também o prazer de poder reconhecer a nossa posição de colonizado, sobretudo porque somos destituídos de nossas origens africanas”.
O anúncio do vencedor do Prêmio Literário Choix Goncourt du Brésil foi feito na noite de segunda-feira, em São Paulo, e contou com a presença de Jean-Christophe Rufin, vencedor do Goncourt em 2001 com o romance Rouge Brésil (Brasil Vermelho), sobre a França Antártica, colônia francesa do lado de cá do Atlântico. Diplomata, ele serviu como adido cultural do Consulado Geral da França para o Nordeste, experiência que inspirou a escrita deste seu livro premiado. 
Sem poder de voto, Jean-Christophe Rufin foi o presidente do primeiro júri da premiação. David Diop será o próximo. 

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