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13ª CineBH destaca produção contemporânea com 85 filmes

Até domingo com programação gratuita, a 13ª Mostra de Cinema de Belo Horizonte traz debates, workshops e recortes da produção brasileira e internacional.
Cena do filme 'No coração do mundo', com direção da produtora Filmes de Plástico.
Cena do filme 'No coração do mundo', com direção da produtora Filmes de Plástico. (Divulgação)

Por Larissa Troian e Pablo Pires Fernandes
Repórteres Dom Total
Desta terça-feira (17) até domingo (22), a 13º CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte ocupa diversos locais da capital, com vasta programação totalmente gratuita. “Nesta edição vamos apresentar ao público 85 filmes nacionais e internacionais de 11 estados brasileiros e seis países. É uma seleção curatorial que vai exibir a produção contemporânea do cinema realizado no país e no mundo, com várias pré-estreias nacionais”, conta Raquel Hallak, coordenadora do CineBH. Além das 43 sessões de cinema, a CineBH promove debates, rodas de conversa e abriga paralelamente o Brasil CineMundi – 10º International Coproduction Meeting, encontro de coprodução do cinema brasileiro.
O evento é dividido em seis mostras: Cidade em movimento, seleção de filmes que conversam com a cidade, Homenagem, com obras da produtora mineira Filmes de Plástico; Contemporânea, com pré-estreias nacionais e internacionais; Diálogos históricos, com três títulos contemporâneos; Brasil CineMundi, com coproduções internacionais; e CineEscola, recorte voltado para a educação e alcance de 2,5 mil alunos da rede pública.
A noite de abertura, no Cine Theatro Brasil Vallourec, apresenta a performance audiovisual “A internacionalização do cinema brasileiro e os desafios para o futuro”, tema do evento. Com direção de Chico de Paula e Grazi Medrado, o trabalho misturando projeção de imagens, música ao vivo, atuação e intervenções plásticas.
Em seguida, haverá pré-estreia de A vida invisível, filme do diretor cearense Karim Aïnouz, vencedor da mostra Un certain regard do Festival de Cannes. O longa-metragem é adaptação do livro de Martha Batalha e foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para representar o país na disputa por uma vaga entre os indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2020.
No momento em que o cinema nacional vive um impasse e a Ancine se encontra paralisada, celebrar o cinema se torna mais necessário do que nunca. Raquel afirma que “o evento vem um pouco carregado da reflexão sobre o que é produzir o cinema feito no nosso país. Ao mesmo tempo comemora e ao mesmo tempo chama atenção para essa situação atual do cinema, da hostilidade das políticas públicas, da hostilidade dos atuais governantes com o nosso produto brasileiro”. A produtora destaca o esforço de trabalho de “duas décadas em prol da nossa cultura, do nosso cinema”, ressaltando o envolvimento de vários setores para realizar um evento deste porte, além de apontar que a indústria audiovisual gera renda, emprego e movimenta a economia do estado.
Raquel diz que o reconhecimento do cinema brasileiro no exterior é importante para a construção de nossa própria identidade. “Espero que o cinema brasileiro cada vez mais ganhe as telas no Brasil e do mundo, pois é “um reflexo do que nós somos, do país que nós vivemos, da diversidade que a gente representa”. Otimista, a coordenadora afirma: “Espero que esse incômodo atual seja passageiro e que cinema seja cada vez mais revigorante”.
Homenagem à simplicidade
A homenageada desta edição é a produtora nascida em Contagem Filmes de Plástico, que completa uma década de atividade em 2019. Os quatro integrantes – Gabriel Martins, Maurílio Martins, André Novais Oliveira e Thiago Macêdo Correia – vão receber o Troféu Horizonte, oferecido pela Universo Produção, promotora da mostra. Na quarta-feira (18), os integrantes da Filmes de Plástico vão promover uma masterclass no Teatro João Ceschiatti, no Palácio das Artes, a partir de 14h30. Os trabalhos da produtora serão exibidos no Cine Humberto Mauro e no MIS Santa Tereza.

Maurílio Martins, Gabriel Martins, Thiago Macêdo Correia e André Novais Oliveira, da Filmes de Plástico (Leo Lara/Universo Produção)

Com trajetória bem-sucedida em festivais nacionais e internacionais – são mais de 200 –, os filmes do quarteto são marcados pela produção coletiva e pela abordagem de temas do cotidiano, sobretudo da periferia brasileira. Gabriel Martins conta que “essa força coletiva do fato da gente entender muito bem um ao outro, da gente conhecer muito bem aonde o outro quer chegar, é uma marca muito forte, é algo muito importante da produtora, e é o que faz estarmos há 10 anos na estrada, muito empolgados ainda para fazer cinema”.
Gabriel ressalta que as ideias dos projetos sempre nascem de um coletivo onde todos opinam e influenciam, e que esse é um dos diferenciais da Produtora Filmes de Plástico: “Essa coletividade faz com que os projetos fiquem melhores. Estamos todos muito presentes, é assim que a gente sempre pensou a produtora e é assim que sempre vamos pensar”.
Vencedor do último Festival de Cinema de Brasília com Temporada, o diretor André Novais Oliveira conta que todos os quatro parceiros da Filmes de Plástico aprenderam muito com a realização de 15 curtas e três longas já lançados. Ao longo dos 10 anos de trajetória, o grupo passou por desafios e vitórias. De acordo com Gabriel, “experimentar muito fez com que descobríssemos a linguagem na prática, novos equipamentos, novas possibilidades a partir desses novos acessos às coisas que a gente não podia ter no início”. E nenhum deles pensa em parar: “Temos projetos para mais 10 anos”, diz André.
Entre os próximos projetos da produtora estão os longas-metragens Marte um, dirigido por Gabriel Martins (em pós-produção), O último episódio, dirigido por Maurilio Martins, e E os meus olhos ficam sorrindo, dirigido por André Novais Oliveira. Marte um retrata uma família da periferia de Contagem, no bairro Novo Progresso, lugar onde Gabriel Martins circulou quando criança. Um dos embates da trama é o desejo do pai, Wellington, de que seu filho, David, seja um jogador de futebol famoso, enquanto o menino sonha em ser astrofísico.
Para o projeto, os produtores acompanharam essa família entre outubro de 2018 e março de 2019, vivenciando seus dramas, alegrias e convicções, e colocando o bairro como personagem. Para Gabriel, a diferença entre esse filme e o último lançamento da produtora, No coração do mundo, “é de não ter uma relação tão direta de o tempo todo falar sobre o bairro, mas de ter o bairro como protagonista”.
O fato de as locações serem reais e o elenco ser formado por atores profissionais e não atores confere certa proximidade com o documentário. No entanto, mesmo com elementos carregados da realidade “pouco retratada da periferia”, André assegura que os filmes da produtora são essencialmente ficção. “Pensamos como ficção, gostamos dessa capacidade de fabulação do cinema”.
Programação completa: cinebh.com.br.

Dom Total

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