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Centenário de Estrigas terá celebrações no Mondubim, Benfica e Praia de Iracema

O centenário de Estrigas será comemorado com exposições, homenagens e outras atividades. Programação transpassa o Minimuseu Firmeza e chega ao Benfica e à Praia de IracemaPor 
Reprodução de obra do artista visual Estrigas
Reprodução de obra do artista visual Estrigas
Todas as definições que forem escritas ou ditas ainda serão mínimas para descrever a grandiosidade de Estrigas. Artista cearense nascido em 19 de setembro de 1919, ele transformou sua própria casa em museu e sua existência em um cenário para grandes obras. Amigo de muitos artistas, pesquisador do cenário cearense, fomentador de projetos culturais e incentivador de novos talentos. Estrigas foi muitos em apenas uma existência. "Discreto, tímido, bem longe das futricas, refugiou-se no Mondubim, do qual era um 'senhor'. De lá, dava as regras do jogo e subvertia os códigos, os padrões da arte cearense. Não estava preocupado com o mercado. Queria dar seu recado, interferir, falar por meio das cores, das texturas, da composição", explica o pesquisador e jornalista Gilmar de Carvalho. E as próximas semanas serão dedicadas a uma série de celebrações pela obra, pela vida e pelo legado de Nilo de Brito Firmeza, o Estrigas.
Vários equipamentos de Fortaleza recebem as programações comemorativas - que incluem exposições, entrega do "Diploma Estrigas", ciclo de palestras e outras atividades. "Estrigas encontra-se no panteão das artes plásticas cearense junto com nomes que modificaram o olhar das práticas deste campo. Foi um grande estudioso da história da arte, foi um grande incentivador da arte no Ceará, foi um dos principais escritores sobre arte e artistas no Estado. Participou da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap). Impossível enumerar e justificar todos os feitos e importância de Estrigas para nossa história da arte", pontua a museóloga Graciele Siqueira, atual diretora do Museu de Arte da UFC (Mauc). O equipamento vai receber uma exposição comemorativa ao centenário de Estrigas, reunindo telas de todas as fases. "O mote é mostrar este artista nas suas múltiplas facetas", aponta Graciele.
"A obra do Estrigas se mantém atual pois pertence ao nosso momento no sentido da vida, fala muito sobre a vida", reflete a pesquisadora Carolina Vieira. Ela é coordenadora do Programa de Formação Básica do Porto Iracema das Artes, um dos equipamentos que recebem programação comemorativa pelo centenário do artista cearense. Os estudos desenvolvidos por Estrigas são referência, até hoje, para os novos pesquisadores do cenário artístico. Não apenas em suas pinturas - explica Carolina - mas colecionando livros e outros materiais. "Ele ocupava esse lugar do crítico, do historiador e do pesquisador", elucida Carolina. 
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Estrigas morreu em 2 de outubro de 2014, aos 95 anos. A partida veio pouco depois que Nice Firmeza, sua esposa e parceria nas artes, vitimada por uma falência múltipla de órgãos. Dissociar os dois artistas é impensável. Quando se casaram, no começo da década de 1960, o casal se estabeleceu no sítio da família Firmeza. O reduto no Mondubim, em um sítio tão quieto quanto falante, abrigou não apenas as artes dos dois - mas também as centenas de artistas que encontraram morada.
"Nice foi o momento do encontro, do amor que liberta. Ela e Estrigas formavam um casal de artistas, sem frescuras, sem estrelismos. Viviam um cotidiano de pessoas 'comuns'. Viviam em meio a um jardim, com mangueiras frondosas, muita folhagem e muitas flores. Os colibris vinham beber na torneira de um dos canteiros. Nice fazia doces com as frutas do sítio. Era um forma de dar à frutas uma existência mais longa e mais nobre", elucida Gilmar de Carvalho. A convivência com Nice deixou marcas incontestáveis na obra desenvolvida por Estrigas. Instigado pela natureza inventiva e pelas cores colhidas pela esposa entre as plantas do sítio, ele transpôs várias sinestesias em suas pinturas. Carolina Vieira lembra da intensidade dos tons que se manifestam nas várias fases artísticas de Estrigas - até chegar a um certo flúor quando ele já estava no fim dos dias."A produção dele será atual eternamente. Não há como escapar, pois ela é vida".
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Programação
19/9
18h30min
Abertura da exposição 100 Estrigas em cartaz no Mauc - UFC que segue até 18 de outubro, e entrega de Diplomas Estrigas, homenagem a personalidades da cultura cearense
20/9
9h
Abertura de nova exposição do artista e professor de artes visuais Leo Lima, no MiniMuseu Firmeza.
21/9
10h
Café do Zé especial, homenagem ao centenário de Estrigas, no Sobrado Dr. José Lourenço
26 e 27/9
15h
Ciclo de palestras no Porto Iracema das Artes. No dia 26/9, a escritora Angela Gutiérrez aborda o tema Estrigas e Nice no território mítico do Mondubim e nas Artes do Ceará e o pesquisador Gilmar de Carvalho fala sobre o Estrigas Centenário. No dia 27/9, acontecem as palestras Estrigas, o crítico de arte, com Auto Filho; Minimuseu Firmeza: formação e permanência de um acervo", com a historiadora Paula Machado; e "O Minimuseu Firmeza como bem cultural", com a pesquisadora Olga Paiva.
28/9
9h às 13h
"O Baobá apresenta", programação afetiva e celebrativa com rodas de bordado, artes plásticas, visitas guiadas e apresentações artísticas no antigo sítio e ateliê de Nice e Estrigas, no MiniMuseu Firmeza.
100 anos de Estrigas no Minimuseu Firmeza
Quando: de 19 de setembro a 18 de outubro
Onde: Minimuseu Firmeza (via Férrea, 259 - Mondubim), Mauc - UFC (avenida da Universidade, 2854 - Benfica), Sobrado Dr. José Lourenço (rua Major Facundo, 154 - Centro), Porto Iracema das Artes (rua Dragão do Mar, 160 - Praia de Iracema)

Acesso gratuito
O Povo

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