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Eventos comemoram o mês da Consciência Negra com trabalhos de mulheres inspiradas na ancestralidade

A exposição do Coletivo Bordando Resistência do Coletivo Bordando Resistência e a Mostra Dandaras realizam programação diversificada durante novembro


Fortalecer o trabalho feminino e enaltecer as raízes estão entre os objetivos da exposição "Porque Cazuza resistiu, resistimos também" do Coletivo Bordando Resistência. O projeto reúne 14 telas bordadas à mão por mulheres Coletivo Bordando Resistência em Horizonte. Após expor em alguns pontos de Fortaleza, a mostra segue para a cidade em alusão ao mês da Consciência Negra.
A temática foi escolhida como forma de contar as próprias histórias. Sob a coordenação da socióloga Cássia Enéas, as mulheres da Comunidade passaram por um curso de bordado livre até chegar na escolha do tema. "A gente pensou em retratar a história desse grupo, contando a vida do Negro Cazuza, um escravo fugitivo que deu origem a essa comunidade. Tentando fortalecer todos os traços de ancestralidade, de identidade negra, sempre ressaltando a questão do gênero", explica Cássia.
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Bordado da exposição da Comunidade Quilombola do Alto Alegre
Isanelle Nascimento
Para as quilombolas, esse projeto veio como uma ferramenta de autoafirmação, de visibilidade e de valorização. "A ideia era fazer elas se identificarem nos bordados que fizeram", aponta.
Para Cássia, esse momento tem de ser aproveitado para fortalecer a política de igualdade racional, tirando um pouco da invisibilidade que a comunidade viveu por tanto tempo. O grupo conquistou ainda um ateliê, espaço onde essas mulheres vão poder produzir e expôr suas criações, além de receber encomendas.

DELAS POR ELAS

Assim como a exposição, a Mostra Dandaras, em cartaz na Carnaúba Cultural, busca dar visibilidade o trabalho de mulheres artistas e resgatar a história de Dandara dos Palmares. Durante todo o mês de novembro, a programação conta com exposições e intervenções artísticas, apresentações culturais, feirinha, oficinas e rodas de conversa sobre temáticas relacionadas às vivências das negras.
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Ilustração exposta na Mostra Dandaras
Ilustração: Silvelena Gomes
Silvelena Gomes, uma das idealizadoras do evento, conta que se uniu à tatuadora Sis Martins para fazer um espaço que "nos contemplasse enquanto mulheres pretas artistas, dedicado a nós e às nossas produções, que fosse não só retratando o que a gente faz, mas que fosse também pensado e produzido pela gente, criando quase que um espaço seguro de criação e de manifestação das nossas lutas, dores e processos".
A escolha do mês para realizar o evento também foi algo pensado, já que 20 de novembro é comemorado, oficialmente, o Dia da Consciência Negra, em homenagem ao pernambucano Zumbi, fundador do Quilombo dos Palmares.
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Ilustração exposta na Mostra Dandaras
Ilustração: Silvelena Gomes
"A gente queria muito que fosse em novembro, pois sempre ouvimos falar de Zumbi, mas muito pouco de Dandara (esposa dele). Isso é muito significativo para pensar em como as mulheres, em especial as pretas, passaram e ainda passam por um processo de invisibilidade enorme, daí então nos intitularmos Dandaras", explica Silvelena.
A ilustradora e designer revela ainda que o desejo com a Mostra é de criar mais um pequeno espaço de arte preta na cidade e de inserção, a fim de "escurecer a arte de Fortaleza para além de novembro", finaliza.
Serviço
Exposição "Porque Cazuza resistiu, resistimos também"
Até dia 30 de novembro. Na Rua José Pequeno, 290, Alto Alegre - Horizonte, CE. Gratuito.

Mostra Dandaras
De 9 a 30 de novembro. Na Carnaúba Cultural (Rua Instituto do Ceará, 164, Benfica). Gratuito.


Diário do Nordeste

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