Padre Geovane Saraiva*
Só a partir do amor verdadeiro,
ao ocasionar uma experiência profundamente gratificante, como iluminador de uma
existência repleta de sentido, no que Santo Agostinho nos assegura, em seu
pensamento: “Meu amor é meu peso, por ele sou levado para onde quer que eu vá”.
Evidentemente, no caminho para Deus, na feliz busca do sentido pleno da
transcendência, não nos esquecendo de Deus, que no seu Filho, o primogênito
redentor da humanidade, concede-nos, por vontade divina, a esperança de
participarmos de sua glória.
O Pai, na sua essência,
identificado na vida como o Deus dos vivos - e não dos mortos -, quer que
vivamos bem atentos em nossa existência, que deve preencher um sentido, que nos
garanta uma inesgotável vida após a morte. Claro que a vida humana se desenvolve
diante do ininterrupto suceder de dias e noites, sendo natural, entre os povos,
o forte simbolismo do dia e da noite, estando estes no centro da existência
humana.
No suceder de dias e noites, a comunhão
de vida através do casamento, aos olhos de Deus, é santo, é sagrado. Tal como
nós o conhecemos, faz parte da existência humana, mas aponta, e é claro, o
indicador de uma nova existência, com uma humanidade inteiramente nova,
restaurada e pacificada no amor infinito de Deus. Na glória futura, o amor
humano estará muito além dos limites e padrões vivenciados em família aqui na
terra.
Na ressurreição, como no exemplo
da mulher no Evangelho (cf. Lc 20, 33), que se casou com sete irmãos, tal
preocupação não mais existirá, no sentido de ser esposa de um deles. Será uma
vida comparada à dos anjos celestiais, e o que mais importa é a misteriosa
realização das filhas e filhos de Deus, num presente eternamente seráfico e
pleno, ao recordar São Francisco de Assis, o grande pai seráfico.
Aos seguidores de Jesus de
Nazaré, casados e não casados, cabe pensar no referido tempo feito eternidade,
os dias e as noites, como obra das mãos de Deus, conforme o sentido metafórico
de Dom Helder Câmara: “Não deixe que o tempo escorra por entre os dedos abertos
de tuas mãos vazias; segura-o de qualquer maneira para que ele vire
eternidade”. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza
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