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O céu que inspira grandes obras de arte

O céu é tema de obras de artes, correntes filosóficas e perguntas científicas. Hoje e amanhã, planetário do Dragão do Mar realiza observação do céu, gratuita, com telescópios newtonianosPor 
O fotógrafo cearense Fábio Arruda tem o céu como inspiração para muitos de seus trabalhos no interior do Brasil e em outros países
O fotógrafo cearense Fábio Arruda tem o céu como inspiração para muitos de seus trabalhos no interior do Brasil e em outros países
Olavo Bilac já proferia que é necessário amor para conseguir ouvir as estrelas. O que o poeta simbolista já tinha descoberto no século XIX, décadas antes de Yuri Gagarin ir ao espaço em 1961, era que, mais do que um véu preto com pontos luminosos, o céu era foco de poesia, conhecimento, mistério e, claro, de amor. O céu iluminado de dia ou pela noite abria - e ainda abre - espaço para devaneios, sonhos e inspirações. 
Motivado pelo celestial e todos seus elementos, que envolvem planetas, estrelas, satélites e nebulosas, o ser humano contempla o céu desde que o mundo é mundo. "O céu estrelado sempre fascinou a espécie humana. O homem da antiguidade, após o dia do trabalho, olhava para cima, via aqueles pontinho brilhantes e jogava seus anseios e suas dúvidas para o céu, formando histórias, mitologias. O homem construiu ideias sobre os fenômenos. Surgiram os deuses. O planeta que parecia mais rápido, era Mercúrio. O mais vermelho era Marte, deus da Guerra…", conta o professor Dermeval Carneiro, diretor do Planetário Rubens de Azevedo desde sua fundação, em 1999.
O céu é usado como referência, seja para guiar o caminho, seja para iluminar a noite desde o início dos tempos. Esse mistério e a vontade para desvendá-lo é visto pelo professor como um dos grande motivadores da ciência. Ele, inclusive, justifica a própria existência a partir das estrelas. "Já sabemos que as estrelas nascem, vivem e morrem, tal qual como nós. Quando elas explodem, soltam matéria no universo, que vão se juntando e formando planetas. Nós mesmos somos restos de poeira das estrelas", explica, ressaltando a importância de um "certo" astro, o luminoso Sol, para a existência de toda a vida.
E para além do soneto Via Láctea de Olavo Bilac, as inspirações celestiais se estendem por outros grandes nomes de várias linguagens. O quadro "Céu Estrelado", do holandês Van Gogh, é uma das obras mais enigmáticas do expressionismo. As estrelas eram vistas como foco de luz na vida fadada ao sofrimento do paulista Manuel Bandeira. A lua é o tema das músicas "Fly me to the moon", que fez sucesso na voz de Frank Sinatra, e "A Lua", do grupo MPB-4. E, claro, para além dessas obras de arte, há muito mais.
E não é só nos velhos tempos que o céu é observado e usado como fonte de suspiros e anseios. O pintor cearense Rinaldo Betaj o utiliza hoje como fonte de inspiração. Sua história começa antes, quando ainda era criança, e subia no telhado de sua casa para desenhar as nuvens. Delas, passou a desenhar outros astros, e logo descobriu o céu noturno. Foi um caminho sem volta. "Depois comecei a subir à noite, e foi quando veio o impacto, do universo, o mistério".
Em outubro de 2019, a paixão foi transformada em exposição. "Quântico" foi apresentada no Museu do Louvre, com 16 pinturas. "Essa exposição eu retratei minha filha como a criadora de tudo. Peguei duas peças fundamentais da minha vida, ela e o céu, e juntei em uma só imagem. O universo me dá essa liberdade, eu vejo assim", explica. O pintor, inclusive, já fez uma reprodução do quadro "Noite Estrelada".
Para eternizar tais momentos, a astrofotografia é especialização para quem apaga a luz do mundo e liga a câmera fotográfica. O fotógrafo de natureza Fábio Arruda, explica que a sensação do silêncio é um dos que o atrai para essa especialidade. "Encontrei na noite uma forma muito prazerosa de fotografar, porque é um momento que eu preciso me afastar de grande centros. A tranquilidade desses lugares faz com que a gente tenha muitas reflexões. E geralmente eu estou só", explica ele, que trabalha com fotografia há pouco mais de 20 anos.
Sozinho, sob o véu da noite, Fábio explica que tanto o universo quanto o próprio resultado da fotografia são incógnitas, além de animadores desafios. "Você nunca sabe como a foto vai ficar, e às vezes você vê coisas só depois, como quando passam as estrelas cadentes. Eu quero ver é essa beleza do universo".
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Na "Noite das Estrelas", as pessoas podem utilizar telescópios para observar o céu
Na "Noite das Estrelas", as pessoas podem utilizar telescópios para observar o céu
Uma espiada no universo
Os sonhadores contemporâneos têm a oportunidade de dar uma espiada nos astros na Noite das Estrelas. O evento gratuito, promovido pelo Planetário Rubens de Azevedo no Dragão do Mar, disponibiliza dois telescópios newtonianos - que conseguem captar mais luz - para que as pessoas consigam observar a lua, as nebulosas, as estrelas e qualquer outro elemento que esteja visível no céu. Promovido mensalmente, o episódio acontece hoje e amanhã, 3 e 4 de março, ao lado do Planetário.
Na ocasião, os planetaristas estarão presentes para explicar os fenômenos observados para a população. A oportunidade de observação, segundo o professor Demerval, é uma forma de saciar pelo menos uma parte da curiosidade incitada pela imensidão do céu. "Podem ser que hajam milhões de planetas habitados e, pela distância, a gente não se conhece ainda. Mas não estamos sós".
Noite das Estrelas
Quando: terça e quarta, 3 e 4/3, às 19 horas
Onde: Planetário Rubens de Azevedo, no Dragão do Mar (avenida Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
Outras informações: (85) 3488 8639
Gratuito
 
Amai para entendê-las
Direis agora: Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?

E eu vos direi: Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas
trecho do soneto Via Láctea, de Olavo Bilac 
O Povo

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