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Poesia, sempre!

Poesia é alimento a ser compartido em banquetes do espírito
Cartaz de El Lisstizky representa vitória do exército vermelho sobre o branco
Cartaz de El Lisstizky representa vitória do exército vermelho sobre o branco (El Lisstizky)

Eleonora Santa Rosa*
Hábitos expandidos em regime de quarentena, dentre eles a leitura de poesia, de boa poesia, de muito boa poesia, de poesia atemporal, de poesia excepcional, de poesia que alimenta o dia, de poesia que transcende a vida, de poesia de inovação, de poesia como esteio, de poesia como reflexão, de poesia como renovação, de poesia para o coração, de poesia a plenos pulmões, de poesia como elevação, de poesia em doses maciças, de poesia como alimento a ser compartido em banquetes do espírito:
De O Pequeno Bacarrão de Feira no Pequeno Planeta “Terra” - (fragmento)
Maldito –
               – Maldito – maldito –
                                                   – Aquele demônio,
Que –
        – Na pátria dividida
        Quebrou
        Nossas vidas
        De terra firme – em borrifos
                                      De Morte, –
Que me apartou para sempre
De
Ti –
    – Para que –
                        – Eu –
                                  – Te odiasse por isso –
E –
   – A mim!
 
- Andréi Biéli – 1922 /Tradução de Augusto de Campos e Boris Schnaiderman
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A Vocês
Vocês que vão de orgia em orgia, vocês
Que têm mornos bidês e W.C.s,
Não se envergonham ao ler os noticiários
Sobre a cruz de São Jorge nos diários?
Sabem vocês, inúteis, diletantes
Que só pensam em encher a pança e o cofre,
Que talvez uma bomba neste instante
Arranca as pernas ao tenente Pietrov?...
E se ele, conduzido ao matadouro,
Pudesse vislumbrar, banhando em sangue,
Como vocês, lábios untados de gordura,
Lúbricos trauteiam Sievieriânin!
Vocês gozadores de fêmeas e de pratos,
Dar a vida por suas bacanais?
Mil vezes antes no bar às putas
Ficar servindo suco de ananás.
- Vladimir Maiakóvski – 1915 / Tradução de Augusto de Campos  
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Come Ananás
Come ananás, mastiga perdiz
Teu dia está prestes, burguês.
 - Vladimir Maiakóvski – 1917 / Tradução de Augusto de Campos

*Eleonora Santa Rosa é jornalista

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