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Não são números, são pessoas

Jornal “The New York Times” publica uma capa impressionante em homenagem aos 100.000 mortos pela COVID-19 nos Estados Unidos

O jornal “The New York Times” surpreendeu nesse domingo com uma capa em sua edição impressa na qual prestava homenagem às 100.000 mortes por coronavírus nos Estados Unidos.
Seu título: “EUA perto dos 100.000 mortos, uma perda incalculável”. E no início do artigo: “Eles não eram apenas nomes em uma lista. Éramos nós”.
A capa atrai poderosamente a atenção porque não há cores: é em preto e branco e segue o esboço das páginas de jornais de um século atrás, sem fotografias.
Costuma-se dizer que quando você não fotografa em cores, mas em preto e branco, fotografa a alma. O jornal de Nova York colocou os nomes dos mortos em preto e branco, um por um: seu nome completo, sua idade e uma frase tirada dos obituários que apareceram nos diferentes jornais americanos.
NYT
nytimes.com
Constava ali, entre outros, o nome de Michael, um senhor de 92 anos. Sobre ele, diz-se: “Ele levava sua família à igreja toda semana”. Ou “Jana Prince, 43”, de quem você pode ler: “Assistente social, dedicou sua vida a outras pessoas”.
Na edição digital, a seleção dos 1.000 nomes aparece organizada pela data em que eles morreram e detalhando quantos falecidos havia naquele momento. É uma lista que faz uma cronologia da tragédia, colocando um rosto humano no coronavírus.

Os motivos da capa

O próprio “The New York Times” considerou que deveria explicar sua capa aos leitores em um artigo na seção “The Times Insider”.
“Os editores do Times estão pensando em como recordar este marco nefasto”, explica o jornalista John Grippe. “Simone Landon, editora assistente do departamento de arte gráfica, queria representar o número de uma maneira que expressasse a vastidão e a variedade de vidas perdidas”.
Landon e seus colegas se perguntaram qual seria a melhor maneira de noticiar a marca de 100.000 mortes: “Tanto entre nós quanto com o público em geral, há uma fadiga diante dos dados”.
“Colocar 100.000 pontos ou ícones em uma página realmente não diz muito sobre quem eram essas pessoas, as vidas que eles viveram, o que tudo isso significa para nós como país”, disse Landon.
Então, ele teve a ideia de compilar obituários de vítimas da COVID-19 publicados em grandes e pequenos jornais nos Estados Unidos e selecionar trechos significativos deles.

Toda vida é importante

Editores de diferentes seções trabalharam na preparação desta lista, além de 3 estudantes de jornalismo. Eles leram os obituários “em centenas de jornais” e coletaram as frases que melhor “retratavam a singularidade de cada vida perdida”.
O principal jornal do mundo publicou sua capa nesse domingo e milhões de pessoas comentaram nas mídias sociais. Não será surpreendente se a iniciativa conquistar um Prêmio Pulitzer na próxima edição.

Aleteia

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