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Palavras têm poder

Uma simples palavra tem o poder de alegrar alguém que sofre; de fazer sofrer alguém alegre; de alimentar e destruir sonhos; de trazer luz à vida ou de leva-la às sombras; de deflagrar a guerra e anunciar a paz.
O fato é que nós somos a soma de nossas palavras, gestos e ações, a refletirem nossa essência. Por isso, palavras devem ser medidas, principalmente em momentos de raiva, porque elas podem ser nefastas; delas poderemos nos arrepender e não haverá mais como voltar e apagar o que foi dito. Muitas vezes, um pedido de desculpas ou de perdão jamais será suficiente para esquecer o que foi dito, porque palavras são como navalhas afiadas, que cortam a carne, que violentam a alma.
Ao analisar a expressão: “E daí?”, em qualquer circunstância que for utilizada, sempre indicará desinteresse, desprezo, algo que não lhe diz respeito, que não lhe importa...
Portanto, a expressão: “E daí?” Nunca, jamais, em qualquer situação, significará solidariedade, afeição, empatia, amor ao próximo, senso de humanidade, carinho, generosidade, sensibilidade, misericórdia, esperança...
Quando o chefe de uma Nação, ao ser indagado sobre o aumento do número de mortes pela Covid 19, no país que dirige, pelo qual é responsável, responde com um: “E daí?” Nada mais precisa ser dito, pois tal expressão se basta.
E quanto mais se tentar justificar o injustificável, pior fica.
O Brasil e o mundo enfrentam uma pandemia em que todos estão preocupados com os efeitos imediatos e mediatos da Covid19. Milhares de pessoas infectadas. Milhares de mortos, muitos dos quais enterrados em covas coletivas, sem que a família possa velar ou se despedir. Sistemas de saúde sobrecarregados, profissionais da saúde e de outras atividades essenciais sob intenso estresse...
“E daí? O que eu tenho a ver com isso?”
Cada um de nós tem tudo a ver com isso. Porque a dor e o sofrimento do outro devem nos sensibilizar. Porque precisamos nos importar com o próximo. Porque fazemos parte de um todo, de algo muito maior, em que as palavras e as ações de cada um refletem no outro. Porque nós ou aqueles a quem amamos podem ser contaminados e morrer. E quando alguém diz “E daí?”, nega tudo isso.

Que tal substituir o “E daí? O que eu tenho a ver com isso?” Por um: “E então, o que podemos fazer para ajudar a resolver isso?” Decerto, ficaria bem melhor.
É somente isso que precisamos ouvir.
E quanto aos milagres? Que o Deus todo-poderoso, em sua infinita bondade, tenha piedade e misericórdia de nós.
Grecianny Carvalho Cordeiro
Promotora de Justiça

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