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Café da Manhã dos Campeões é um livro brilhante sobre escrever e sobre o que representamos

Kurt Vonnegut reflete sobre si mesmo e sobre os Estados Unidos nos anos 70 sem poupar na acidez

Café da manhã dos campeões (Intrínseca, 2019) conta a história de Kilgore Trout, um escritor fracassado que é convidado para participar de um festival de arte na cidade de Midland, nos Estados Unidos. Por acaso, Dwayne Hoover, um empresário de sucesso, mora nessa mesma cidade. A gente acompanha tudo até o faditicio encontro desses dois.
Enquanto o encontro não acontece, Kurt Vonnegut destila comentários ácidos sobre escrever, sobre os valores da sociedade norte-americana nos anos de 1970, racismo, capitalismo e sobre uma decadência social que parece nunca ter acabado. Como sociedade, tivemos um respiro aqui e ali, contudo, o livro de 1973, mais parece ter sido publicado ontem.
Além disso, há o que eu considero mais relevante na história: o questionamento (ou a conclusão) sobre o que estamos fazendo aqui, qual o papel que representamos em relação ao funcionamento das coisas: o papel social, com parte de uma estrutura e de um sistema complexo e falido; o papel como humanos, em um planeta que insistimos em destruir por conta desse sistema.
É uma obra intensa, triste, engraçada, melancólica, que mistura elementos de vários gêneros literários e opiniões do autor diluídas na trama. Acima de tudo, é um livro de Voneugout, com o estilo dele escancarado em cada página, para o bem e para o mal.
O autor é genial e consegue interligar tudo o que é apresentado de forma rápida, em páginas que parecem se acelerar: um desvio e você se perde. O que mais importa em Café da manhã dos campeões é a trajetória, o caminho que se percorre durante a leitura. A história, claro, absurda, é interessante. Mas, para mim, é o percurso que torna essa obra espetacular.
A edição da Intrínseca resgatou esse livro que estava fora de catálogo há algum tempo, em capa dura e com um projeto gráfico bem bacana e arejado (com boa leitura). Assim como fez com Matadouro-Cinco (2019), outro livro do autor que considero incrível, mas aí fica para outra hora.

Esta é a décima oitava dica do projeto da redação do NerdBunker#30Dias30Dicas. Durante trinta dias vamos publicar uma dica por dia aqui no site e em nossas redes sociais. TwitterInstagram e Facebook. A ideia é mostrar um pouco mais do que estamos consumindo por aqui: livros, animes, séries, filmes, etc. E ajudar o leitor nessa batalha que é encontrar algo legal no meio de tanta oferta.
E temos outras dicas no ar. Só escolher e clicar no nome abaixo e conferir!
  1. Dorohedoro (anime)
  2. The Arcana (jogo)
  3. Upload (série)
  4. I Am Not Okay With This (série)
  5. Floresta dos Medos (HQ)
  6. Undertale (jogo)
  7. O Sorriso da Hiena (livro)
  8. Um Lugar Chamado Notting Hill (filme)
  9. Haikyuu!! (anime)
  10. Bloodborne (jogo)
  11. The Wicked + The Divine (HQ)
  12. Sayonora Wild Hearts (jogo)
  13. Gravity Falls (série)
  14. Vignettes (jogo)
  15. A Voz do Silêncio: Koe no Katachi (anime)
  16. Bioshock Infinite (jogo)
  17. A Entidade (filme)

Via Jovem Nerd

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