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Companhia das Letras lança manifesto público a favor da diversidade

Editora contratou editor de diversidade, que perpassará todos os selos do grupo, e ainda anunciou uma extensa programação de títulos que abordam o tema
No início do mês de junho, um grupo de trabalhadores da indústria editorial mundial se formou para adotar ações coletivas contra o racismo. A iniciativa era uma resposta às mortes de George Floyd, Breonna Taylor, Ahmaud Arbery, Tony McDade e "os muitos outros negros". Entre as ações do grupo estava tirar um dia de folga para trabalhar a serviço da comunidade negra e ainda a formação de um fundo. 
Um dos desdobramentos desta primeira ação, empreendida pelos trabalhadores, foi um compromisso público por parte de grandes editoras em garantir apoio à diversidade. A Penguin Random House, o segundo conglomerado editorial do mundo voltado para livros de interesse geral, enviou uma carta aos seus funcionários nos EUA reconhecendo que, embora a empresa tenha feito progressos na diversificação de sua força de trabalho e nos conteúdos que publica, deveria fazer mais. Em 2019, a empresa já tinha criado o seu Conselho de Diversidade e Inclusão. Nesta mesma ocasião, a Simon & Schuster e o Hachette Book Group também lançaram iniciativas nesta mesma direção.
Fernando Baldraia
Fernando Baldraia
Nesta terça-feira (28), os funcionários do Grupo Companhia das Letras, do qual a Penguin Random House é sócia, receberam uma extensa carta com os principais atos que a empresa adotará a partir de agora. 
O Grupo Companhia das Letras diz no documento que contratou Fernando Baldraia para o recém-criado cargo de editor de diversidade, que terá atuação transversal, atuando nos diversos selos que compõem o grupo. Ele, que é doutor em História pela Universidade Livre de Berlim e se diz “cria da capoeira, do rap e da quebrada, terá como como foco principal a busca de novas vozes, causas, projetos e ideias que não chegam ao establishment editorial.
Além de Baldraia, a Companhia anunciou que Ana Paula Xongani e Samuel Gomes atuarão como editores convidados do selo Paralela e auxiliarão no processo de avaliação de originais e seleção de títulos.
A empresa fará também um censo entre seus funcionários e no seu catálogo, que dará um diagnóstico da situação atual que ajudará na definição de novas iniciativas e de metas. 
A partir de 2021, o Grupo Companhia das Letras colocará na rua um programa de trainee e de estágios com duas vagas anuais destinadas a pessoas que atendam aos quesitos de diversidade racial. Os selecionados deverão rodar pelas diversas áreas da empresa e participar de um curso sobre o mercado e sobre a profissão, que passará a ser oferecido gratuitamente a estudantes de baixa renda que se enquadrem no perfil. 
Catálogo
Além das iniciativas miradas na sua força de trabalho, a empresa anunciou uma série de cerca de 100 projetos que deverá trazer mais diversidade ao seu catálogo. Entre os novos títulos estão a Enciclopédia negra (Companhia das Letras), de Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz que tem por objetivo ampliar a visibilidade de cerca de 500 negros e negras que foram invisibilizadas pela violência; Por um feminismo afro-latino-americano (Zahar), que reunirá um panorama da obra de Lélia Gonzalez; Um apartamento em Urano (Zahar), em que o filósofo espanhol Paul B. Preciado analisa processos contemporâneos centrais de mutação política, cultural e sexual; Sejamos todos feministas para crianças (Companhia das Letrinhas), adaptação do best-seller de Chimamanda Ngozi Adichie (foto ao lado) para o público infantojuvenil que ganhará ilustrações e projeto gráfico de Juliana Rangel; Guardei no armário (Paralela), relato de um jovem nascido na periferia de São Paulo que superou o racismo e a homofobia escrito por Samuel Gomes; Tambores do Maranhão (Quadrinhos na Companhia), livro que trata da Rebelião de Viana, criado por Marcelo D’Salete, Flávio Gomes e Lilia M. Schwarcz; Memórias (Companhia das Letras), do cacique Raoni, e o novo livro de Emicida cujo título provisório é E foi assim que eu e a escuridão ficamos amigas(Companhia das Letrinhas). Nele o rapper conta a história de uma menina que tem medo de escuro e de outra que teme a luz.

Via Publishnews 

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