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A tragédia no Líbano e algo mais

Ao ver repetidas vezes as cenas da explosão ocorridas recentemente no Líbano, deixando um rastro de destruição, centenas de mortos e milhares de feridos, não há como não pensar na razão pela qual tragédias assim acontecem.

Então lembramos de Chernobyl, de Brumadinho, do incêndio na Boate Kiss, dos quase 100 mil mortos no Brasil devido à pandemia do Covid 19, sem contar nos milhares de mortos mundo afora... Mas a lista é extensa e mereceria, talvez, um tratado sobre as tragédias que abalaram o mundo ou o Brasil.

Por que tragédias assim acontecem? Por desídia do ser humano? Por que não foram tomados os cuidados devidos? Por que ninguém achava que algo terrível poderia acontecer? Por que as autoridades responsáveis não adotaram as providências que lhes competiam em termos preventivos? Por que a ganância do homem foi desmedida?  São tantas as indagações, muitas das quais não podem respondidas, pelo menos de modo satisfatório.

Tragédias como essa do Líbano têm o poder de nos chocar, de nos causar estupor e, ao mesmo tempo, de despertar em cada um de nós um sentimento de solidariedade contagiante, fazendo com que os nossos olhos sejam voltados para o outro, para o próximo, mesmo que distante, mesmo que desconhecido, mesmo que nunca nos tenha chamado a atenção por qualquer motivo que seja. Graças a Deus, ainda existe solidariedade no mundo!

Tragédias como essa do Líbano tem o condão de nos mostrar o quanto somos igualmente desiguais ou desigualmente iguais onde quer que estejamos, no Brasil, na Turquia, na Alemanha, na China, no Sudão... Padecemos de terrores e temores, dores e amores, porque tudo isso faz parte do ser humano!

Tragédias como essa do Líbano têm o efeito de nos mostrar o quanto banalizamos a dor e a morte ocorridas em nosso cotidiano, em especial, no Brasil, onde morre mais gente em decorrência da violência urbana do que em um conflito armado entre nações; onde morre mais gente de Covid 19 do que em todos os países da América do Sul, somados; onde os índices de miséria, de pobreza, de analfabetismo são afrontosos para um país tão abençoado em riquezas naturais que sequer consegue perceber, para então valorizar e proteger!

Tragédias como essa do Líbano podem nos servir para que extraiamos importantes lições, porque “essas dores podem ser bastante penosas: mas sem dores não é possível tornar-se guia e educador da humanidade”, como diria Nietzsche, afinal,
somos humanos, demasiado humanos.

Grecianny Carvalho Cordeiro
Promotora de Justiça

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