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7 de Setembro - reflexões acerca da Independência

Hoje, 07 de setembro, é o dia alusivo à independência do Brasil em relação ao nosso colonizador, Portugal. No entanto, será que realmente somos um povo independente?
Quando falo de independência, lembro-me da capacidade de um povo em se manter dignamente com um salário justo e que não apenas sirva para suprir o básico (isso quando dá).
Ao mencionar a capacidade de ser independente, questiona-se o ato de ser cidadão consciente ao cobrar seus direitos e deveres. De ser liberto das amarras da corrupção que assola nosso país deliberadamente. São tantos esquemas de corrupção sendo expostos, mas o torpor e a negação das pessoas diante de tudo isso é mais assustador do que a própria situação.
Quanta desigualdade social, econômica e intelectual ainda teremos que vivenciar? Agora, por aqui se tem a taxação do imposto sobre os livros como uma ameaça real e ainda mais segregadora em relação ao acesso à cultura e à educação.
O que dizer de uma nação que vive num estado de torpor diante da sua realidade?
O que pensar sobre o modo como nos comportamos diante da pandemia da Covid-19? O negacionismo perante as orientações do uso da máscara, do distanciamento social, entre outros comportamentos, só expõe o quanto tudo o que aqui chega tem a indiferença como sendo algo normal.
Pelos noticiários o que vê é aglomeração em ruas, bares, pousadas... Em alguns pontos turísticos praianos mal se nota a faixa de areia branca. A pandemia acabou? A vacina chegou? Não morre mais ninguém todo dia? Morre sim, mais de 1.000 (mil).
“Mas é aí”, muitos vão dizer. “Eu tô vivo, não morri, preciso sair, ver gente.”
Por aqui tudo está durando mais, porque há atenuação do que se deve seguir e, assim, o que deveria ser uma ação eficaz, fica em descrédito, pois uns seguem os protocolos à risca, outros não. Ficamos à deriva diante de tudo isso. A população não sabe se segue as orientações dos decretos estaduais e municipais ou se faz como a autoridade maior do país, que anda sem máscara, dá aperto de mão e abraços nos cidadãos.
A população indígena está sendo dizimada durante a pandemia, tanto pelo vírus como pela invasão de suas terras. E ainda há quem diga: “E aqui ainda tem índio?”
A Floresta Amazônica arde em chamas. Isso reflete no clima e na biodiversidade do Pantanal, porque tudo está conectado. O desmatamento para uso da terra para o agronegócio, para a pecuária e para o garimpo ilegal, vai aumentando, mas a conscientização da cultura de proteção ambiental, não. Milhares de animais e plantas do ecossistema amazônico foram consumidos pelo fogo e pela derrubada das árvores.
Então, enquanto para alguns ainda estiver tudo bem o que se deseja para eles é apenas um bom feriado! Porque é apenas mais uma data comemorativa, um dia para ficar em casa. Nada mais!
Mas, no momento, muitos nem isso vão fazer por seu país: ficar em casa.
Nada a comemorar! Vamos refletir?! Esse seria, de fato, um ato de independência: pensar de modo consciente sobre nossas atitudes. Isso sim seria libertador!
Angélica Sampaio
Professora, Escritora e Editora

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