Pe. Geovane Saraiva*
Será que hoje não nos falta o
espírito de Dom José de Medeiros Delgado? Ele, pastor da transição do Concílio
Vaticano II, tremendamente incompreendido no Ceará, na Igreja Católica, na
qualidade de Arcebispo da Arquidiocese de Fortaleza (1963-1973), mas que anteriormente
deixou marcas elevadas e esplêndidas no clero, no povo de Deus e na sociedade,
como um todo, da terra de Gonçalves Dias, como Arcebispo de São Luís do
Maranhão (1951-1963).
Peço licença ao Desembargador
Cleones Carvalho Cunha, do egrégio Tribunal de Justiça do estado do Maranhão,
para me apropriar do testemunho de seu tio afim, Pe. Jocy Rodrigues, sábio escritor,
poeta e compositor da obra “Cantigas do povo de Deus”, entre as demais obras do
grande amante da poesia e da literatura:
Quando digo “amigo do padre” quero
dizer amigo da pessoa, e não do “profissional”. É incapaz de cultivar mágoa ou
ressentimento, pronto a correr ao lugar mais distante para dar apoio a um padre
perseguido ou em crise. Incansavelmente radicado na esperança, destemido e
pronto a enfrentar e investir contra os poderes que se atreviam a tocar nos
seus padres.
Já como arcebispo de Fortaleza, a
cada vez que ia a São Luís, procurava dar um pulinho no interior, para abraçar
seus padres. Em uma das vezes fui com ele, num desses pulinhos, ver o Albino,
em Itapecuru, e o Carvalho, em Vargem Grande. Sabia perder horas e horas
conversando com um padre, ouvindo seus problemas, recebendo suas confidências.
E como sabia derramar bálsamo nas feridas!
Enquanto foi pastor de nossa diocese,
nenhum padre se afastou do sacerdócio. Tinha carinho de mãe e firmeza de pai
para fazer superar as crises. Uma vez (Quem não se lembra?), ao ler para todo o
clero, reunido, uma carta de um padre que viajara para outro estado, magoado
com ele, prorrompeu em pranto e foi preciso Dom Fragoso continuar a leitura.
Compassivo e compreensivo com os
fracos, exigente com os “durões”, amigo de todos, dele recebi muitas
confidências.
Por sua vez, numa amizade
bilateral, a narrativa de Dom José de Medeiros Delgado a seu respeito, foi de
responder à altura, dentro da maior e melhor reciprocidade:
Sua presença singular é expressão
viva daquele Deus terno e afável. Ele é a poesia, a música, o Cristo e a
Igreja, povo de Deus em marcha. Ele, o enamorado de todas as belezas, sente a
vocação de atrair a elas todas as criaturas humanas, mergulhado, como poucos, na inexprimível grandeza
espiritual de Deus, que o experimenta na sabedoria do homem simples. Tornou-se
um amigo que nunca me decepcionou.
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
Boa tarde , aqui reside a importância literária que nos acolhe.
ResponderExcluirEu, incentivado, encorajado, impelido e exortado. Bondade de Deus, obrigado!
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