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Mãos humanas

Pe. Geovane Saraiva*

Levando-se em conta o ser humano, mas sem desprezar o contexto da criação, por demais valorizada em Francisco de Assis, pensemos, pois, nas mãos humanas, a partir do “ministério da fé”, que sejam elas sinais da providência de Deus, radicalmente afável, benevolente e resplandecente. Na humanidade inteira, com suas mãos, em atitude de oração compassiva, num não ao ódio e à violência, ele, obediente, ao interceder, jamais se esqueceu de agradecer, ao aclamar e apoiar irmãos e irmãs, num sonho genuíno: o de um mundo divino, restaurado, renovado e pacificado no amor do Senhor.

A partir do amor abrangente e cósmico de Francisco de Assis, ao encontrar Deus e descobri-lo sempre mais na natureza, peçamos aquela mesma graça de vivermos em profunda e contagiante alegria, a dos filhos de Deus. A sua lição é comovedora, afável e terna, em continuidade ao projeto do Salvador da humanidade, ao instaurar um mundo verdadeiramente de irmãos, justo e solidário, que se leve em conta e se tenha diante dos olhos, na mente e no coração a grande e maior novidade: o Deus encarnado na história.

Deus quer de seus filhos a mesma humanidade do santo de Assis, pela doçura, ou docilidade, no diálogo, ao considerar as pessoas, dando o nome de irmão e irmã, também o passarinho da árvore, o Sol, a Lua, as estrelas. (...) O assunto, ou pauta constante dos cristãos, deveria ser a síntese do exterior com o interior, no cuidado com os seres existentes, sem jamais se apropriar, querendo tirar ou levar vantagem em tudo. Ele propõe como lógica um mundo ideal, do sombrio ao luminoso, das decepções e de tudo o que parece obscuro às alegrias e às esperanças.

O que é vertical, condição imprescindível da relação da criatura com o criador, pelo trovador de Assis, entrelaça-se com toda a força ao horizontal, ao se perceber a natureza como sagrada. É a manifestação do sacramento de Deus, no que disse o teólogo Leonardo Boff: “Desse processo que combina ternura e vigor, céu e terra, vida e morte, irrompe a irradiação de alguém que realizou sua humanidade de modo exemplar. Criou um humanismo terno e fraterno que vai além do mundo humano e que abarca toda a natureza e o próprio universo”. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).


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