Pular para o conteúdo principal

A Lua nasce em Fortaleza, sim!

 Pe. Geovane Saraiva*

A mesma Lua, aquela que, segundo o poeta, “nasce por detrás da verde mata”, a vi nascer e se desprender, aqui na cidade de Fortaleza, neste início de noite de segunda-feira, dia 17 de janeiro de 2022. Contemplei-a, estando ela graciosa, formosa e ditosa, nesta cidade de José de Alencar e de Dom Helder Câmara, cidade esta que, pelo próprio nome, quer manifestar vigor, força e robustez, mas que deve ser – de verdade – de gente boa, de afável gentileza, delicadeza e sutileza, com espírito aberto, acolhedor e hospitaleiro de seus moradores. Percebi que ela nasce em meio aos fios da Av. Raul Barbosa, também contrariando os antagonismos contrastantes da bela, inspirada e estimulada capital alencarina, com seus prédios, torres e arranha-céus.

Cidade amante e amada por uma enorme multidão, no esplendor estético e poético da estrela maior, no encantamento passageiro da Lua, revelando-nos a bondade de Deus. Compreende-se, pois, que Fortaleza, aos olhos da fé, além de nascer, aponta para a verdadeira estrela, que misteriosamente se encontra naquilo em que consiste o definitivamente cristalino, o qual jamais se põe. Com minhas escusas, ao confidenciar aos amigos leitores grande paixão pela cidade, quis a providência divina que eu vivesse aqui, já caminhando para 34 anos, no contexto da vida de padre ou ministério sacerdotal.

Jesus de Nazaré, ao curar, no seu tempo de vida terrena, muitas pessoas de diversas enfermidades e expulsar muitos demônios, nos ensina, hoje, nesta cidade desposada com a Lua, o Sol e as estrelas, que seu poder é eterno; também nos ensina que ele está acima dos referidos astros, mesmo sendo cheios de belos e maravilhosos encantos. Deus, convenhamos, está muito acima de quaisquer astros e constelações, mas está presente e na companhia daqueles que, de verdade, estão dispostos a se aventurarem, desejosos de andar, no acolhedor do luar romântico e poético de Fortaleza, pela estrada do Espírito. Ele quer adentrar na intimidade humana, enquanto o ser humano caminha em meio às contrariedades, pelas galerias ou claustros exigentes da vida.

Que a Lua possa nos inspirar, nos envolvendo e nos colocando perante os caminhos da vida, pelos quais nos deparamos com todas as belezas, a ponto de mergulharmos na sabedoria dos irmãos, mesmo os mais simples e humildes, levando-se em conta a ousadia de Francisco de Assis, ao tornar-se enamorado complacente de todas as belezas. Que a dinâmica da vida humana, a perder de vista, esteja no mesmo olhar de Jesus de Nazaré, ao estabelecer seus alicerces há vinte séculos, no encantamento e fascínio de uma multidão incontável de criaturas humanas. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

Comentários