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Vidas negras importam

Dom Zanoni Demetino Castro*

Brasil, Brasil, ainda não reparaste o crime de lesa humanidade, os três séculos de escravidão.

Brasil, que matas o povo negro e oprimis sua gente, Que vergonha! 

Desde o dia 24/01/2022, temos recebido notícias sobre a morte do jovem negro congolês Moise Mugenyi. O fato não pode ser visto isolado do contexto que vivem e passam milhares de jovens negros e negras mortos nos últimos tempos. Das 34 .918 mortes violentas de jovens divulgadas no final do ano de 2021, 80% são de jovens negros. O cenário é desolador para nossas famílias e comunidades negras. Queremos manifestar nossa solidariedade à família de Moise Mugenyi  e às demais famílias, pela dor, sofrimentos e o luto. 

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que, a ninguém é lícito tirar a vida de um inocente, pois é um ato contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador. “Não mates o inocente e o justo” (Ex 23,7). Entendemos que a missão da Igreja é evangelizar seguindo os passos e atitudes de Jesus, acolhendo seus ensinamentos e proclamando o Evangelho. “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vô-la dou como o mundo dá” (Jo 14,27). Entendemos que a violência é contraria à verdade da nossa fé, à verdade da nossa humanidade. Portanto, a verdadeira paz é vida em plenitude.

Queremos externar nossa indignação com o genocídio de nossa juventude negra. Vidas negras importam. Somos 56% do total da população brasileira e por isso, conclamamos as autoridades civis e jurídicas competentes a tomar uma atitude em favor da vida, a favor das vidas negras. Pedimos que os autores destas mortes sejam punidos na forma da Lei.

Como Pastor, chamado a cuidar e consolar as pessoas, compartilho com todos, sobretudo que mais sofrem neste momento, minhas orações e bênçãos.

*Arcebispo de Feira de Santana e Bispo referencial para a Pastoral Afrobrasileira da CNBB.


Comentários

  1. A cada dia às pessoas são totalmente desrespeitada...

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  2. Infelizmente na diocese do RJ, só silêncio.

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  3. Seu comentário não é correto.
    A Arquidiocese do RJ já se manifestou oficialmente, até mesmo pelo fato do Moisés fazer parte dos refugiados que recebem auxílio da Cáritas, obra assistencial da ArqRio.

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