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Na Trindade, tudo restaurado

 Padre Geovane Saraiva*

Na Trindade Santa encontra-se o eixo central da fé e da vida cristã, na revelação de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo. Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua plenitude, nos revelou esse excelso mistério, falando-nos do Pai, do Espírito Santo e d’Ele próprio. Longe de pensar numa verdade produzida pela Igreja, mas na revelação do Filho, compreendendo-a como infinito e interminável mistério de amor, verdade exteriorizada pelo próprio Deus. Tomemos a simplicidade de uma criança, na interpelação de Santo Agostinho, enquanto meditava sobre o mistério da Santíssima Trindade: “Eu te digo: é mais fácil colocar toda a água do oceano neste pequeno poço na areia do que a inteligência humana compreender os mistérios de Deus”.

A História da humanidade se divide em duas partes: antes de Cristo e depois de Cristo. Na encarnação do Verbo, temos o fim de uma era e o começo de outra, com a humanidade peregrinando na História, na qual, nos nossos dias, somos chamados a contemplar Jesus na montanha sagrada, no seu encontro com o Pai, dizendo-nos que devemos ir ao mundo, mas no sentido de transformá-lo. É que Deus nos fala por meio da História e nos chama à conversão, que quer de nós o anúncio da salvação, mas num clima favorável e auspicioso: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21, 5).

Que Deus nos dê um pouco da alma grande e elevada de Santo Agostinho, quando desejarmos encontrar explicações críveis e dignas de aplausos sobre o mistério da Santíssima Trindade; nós, que fomos batizados em nome da Trindade Santa. Reconheçamos, pois, Deus como o Senhor da vida, Pai da criação e de todos. Jesus – Emanuel, Deus Conosco – assegura-nos, como seus seguidores, sua presença em nosso meio, fundamentada nas suas palavras, dirigidas à Igreja na pessoa dos Doze: “Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio” (Jo 20, 21).

Por Jesus de Nazaré, Deus Pai realiza o sonho da pessoa humana radicalmente livre e pacificada, restaurando a comunhão, dando-lhe resposta e sentido à vida, convencendo-a de que no seu mistério de amor a criatura humana é chamada a um permanente e estreito diálogo, pelo anúncio da esperança e do perdão, na busca da verdade e da paz. Voltemo-nos ao mistério da Santíssima Trindade, pelo nosso modo de viver, identificados com Jesus de Nazaré, na alegria e na confiança de que sua palavra é eterna: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

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